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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Barbara McMahon

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma surpresa, n.º 1190 - Dezembro 2015

Título original: Adopted: Family in a Million

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2009

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7521-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Epílogo

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Prólogo

 

Novembro

 

– Tenho um filho – disse Zack em voz alta. Tentou concentrar-se na revelação da carta, enquanto ignorava os ferimentos que o tinham levado à cama daquele hospital, com vários meses de fisioterapia pela frente para recuperar.

A carta era datada de três meses antes. Porque tinha demorado tanto a chegar? Estar numa obra distante, no meio de um deserto do Médio Oriente, provavelmente tinha muito a ver com isso.

Mas importava? Se a tivesse recebido antes, provavelmente ter-se-ia sentido igualmente emocionado. Mas teria mudado alguma coisa?

– Tenho um filho e chama-se Daniel – repetiu.

Uma enfermeira espreitou pela porta do quarto.

– Está tudo bem? Precisa de algum analgésico?

– Estou bem – disse Zack, impaciente com a interrupção. Queria voltar a ler a carta. Tentar entender.

Namorara com Alesia Blair da última vez que estivera de licença nos Estados Unidos. Tinham passado alguns meses juntos, até que ele aceitara outro trabalho no estrangeiro. O seu amor não fora especialmente intenso, mas tinha gostado de a levar a sítios onde os outros pudessem admirar a sua beleza. Era difícil pensar que Alesia tinha morrido. Era uma entusiasta da vida.

Mas nunca voltara a entrar em contacto com ele depois da sua partida. Nem sequer para lhe dizer que tinham um filho.

Zack agradecia a Brittany, a irmã de Alesia, por ter entrado em contacto com ele para lhe comunicar a notícia. Aparentemente, tinha sido contra a decisão da sua irmã e, depois da morte desta, decidira escrever a Zack para lhe contar o que sabia. Zack não conseguia entender que Alesia não lhe tivesse comunicado cinco anos antes que tinham um filho.

Mas, pelo menos, tinha a oportunidade e os meios para localizar o menino, o seu único parente vivo. Aquele pensamento era incrível. Há anos que tinha aceitado que, provavelmente, passaria a vida sozinho. Tinha amigos, mas ninguém próximo. Crescera numa série de lares de adopção e as contínuas transferências tinham-no ensinado a não se apegar muito às pessoas. O trabalho a que se dedicara em adulto não fizera nada para mudar as coisas. Era um nómada, sem lar, sem família.

Quando, cinco anos antes, partira dos Estados Unidos, não fazia ideia de que Alesia estava grávida. Tinham tomado precauções. Alesia nunca entrara em contacto com ele. Ao princípio, Zack pensara que talvez o fizesse. Mas o seu trabalho mantê-lo-ia dois anos fora. Alesia era uma rapariga que gostava de se divertir. Dois anos à espera de um homem não era o seu estilo. No entanto, a sua gravidez devia ter mudado tudo.

Deveria ter-lhe dito. Porque não o tinha feito?

Zack lamentou sinceramente a morte de Alesia. Era uma rapariga bonita, vivaz e divertida. Provavelmente, fora por isso que dera o seu filho para adopção. Ter de cuidar de um bebé tê-la-ia feito mudar por completo de estilo de vida.

«Mas eu poderia ter cuidado dele.» Aquele pensamento surgiu do nada. Zack não sabia nada sobre crianças. Tinha trinta e quatro anos e nunca tinha pensado seriamente em casar-se ou ter uma família.

O seu trabalho não lho permitia. Passava longas temporadas em lugares inóspitos, a construir estradas modernas e pontes para países em vias de desenvolvimento.

Recostou-se contra as almofadas e tentou imaginar o seu filho. O menino já tinha quatro anos. Com essa idade, ele já tinha sido colocado no seu primeiro lar de adopção. Havia outros meninos na casa, mas as suas lembranças eram muito vagas. Como era um menino de quatro anos?

Aquilo levou-o a perguntar-se como seria a família que tinha adoptado o seu filho. Pensariam que o pai dele o tinha abandonado?

Sentia um desejo perturbador de o conhecer, de o ver, de se certificar de que era feliz. Inclusive no sistema de lares de adopção havia crianças que eram felizes.

Supunha-se que, se continuasse a melhorar, voltaria para os Estados Unidos na semana seguinte. As operações tinham-no deixado sem energia e passariam vários meses até que pudesse voltar a trabalhar. Talvez isso lhe desse tempo para encontrar o seu filho e certificar-se de que estava bem.

 

 

Abril

 

– Este é o relatório definitivo – Ben Abercrombie deslizou a pasta pela secretária. – Sei que levou mais tempo do que esperávamos, mas não é fácil aceder aos relatórios das adopções. O seu filho foi adoptado por T. J. e Susan Johnson, de Nova Iorque. Localizei a senhora Johnson. O marido dela morreu há dois anos, atropelado por um condutor bêbedo.

Zack pegou na pasta e abriu-a. A primeira coisa que viu foi a fotografia de um menino pequeno. Não era um primeiro plano, mas via-se que tinha o cabelo escuro. Parecia tão pequeno…

– Como pensa lidar com o assunto? – perguntou Ben. – Vais apresentar-se em casa da senhora Johnson e pedir-lhe que o deixe conhecer o seu filho?

– A última coisa que quereria seria provocar-lhe insegurança – Zack pensou nas diferentes famílias com as quais vivera em menino. Nunca tinha sabido quanto tempo iria ficar e não queria que o seu filho sentisse a sensação de pânico e insegurança que aquela situação produzia. – Só quero certificar-me de que está bem e que se encontra em boas mãos.

– A mãe parece estar a fazer o melhor possível – disse o detective. – A morte do marido representou uma grande mudança no seu estilo de vida. Era advogado e ganhava um bom salário. Depois da sua morte, tiveram de mudar para um bairro menos próspero e ela voltou a trabalhar. Mas tenho a impressão de que cuida bem do menino, que parece bastante feliz.

– Tem a certeza de que cuida bem dele?

– Faz o que pode. Tem de trabalhar e deixa-o a cargo de uma mulher idosa, no edifício onde vive. O bairro onde vivem não é precisamente o lugar mais recomendável para se passear depois do entardecer.

– Deveriam mudar-se?

– É preciso dinheiro para viverem onde viviam antes. Nova Iorque não é uma cidade barata.

Zack tinha dinheiro. Gastava pouco e fizera uma pequena fortuna com o seu trabalho, fortuna que tinha bem investida.

Depois de voltar a olhar para a fotografia do menino, fechou a pasta e levantou-se.

– Obrigado – disse, enquanto estendia a sua mão ao detective.

– Conte comigo se precisar de mais alguma coisa.

Zack levou a pasta. Estava hospedado num pequeno hotel próximo de Central Park enquanto acabava de recuperar. Conseguia andar sem coxear desde que não exagerasse e ainda tinha o ombro um pouco rígido. Continuava de baixa médica e ainda estava a fazer o seu tratamento diário de recuperação.

Quando chegou ao seu quarto, sentou-se para ler com atenção o relatório do detective. Mesmo que não chegasse a conhecer o seu filho, Zack sabia que deixara um legado para o futuro no mundo. Pensando nisso, podia fazer mais. Na segunda-feira, marcaria uma reunião com um advogado para deixar os seus bens ao seu filho. Era possível que não chegassem a conhecer-se, mas, um dia, Daniel saberia que o seu pai se preocupara com ele.

Capítulo 1

 

Susan Johnson estava frenética. Quase não conseguia pensar enquanto avançava pelos passeios a abarrotar de Nova Iorque, à procura do seu filho. Como podia um menino desaparecer tão depressa? Estava tão assustada que quase não conseguia pensar com clareza. Onde estava Danny?

– Por favor, meu Deus, ajuda-me a encontrar o meu menino! – rogou, enquanto olhava à sua volta.

– Acha que terá atravessado a rua? – perguntou a professora que a acompanhava, já ofegante.

– Não… Não sei. Se tiver achado ver o seu pai, é possível que o tenha feito. Só tem quatro anos.

Danny seguia constantemente homens altos e morenos, pensando que eram o seu pai. Desde a morte de Tom, não parara de o procurar.

Como era possível que a sua professora do jardim infantil o tivesse deixado sair? O pátio era cercado e a porta principal deveria estar fechada ou, pelo menos, ser vigiada por um adulto.

Iriam na direcção correcta? Teria virado à direita ou à esquerda ao sair da escola? Susan tinha optado pela esquerda porque o seu apartamento era naquela direcção, mas e se Danny tivesse optado pela direita? Podia estar a distanciar-se dele. Sentiu pânico. O seu lindo filho estava sozinho nas ruas de Nova Iorque e não sabia em que tipo de confusão poderia meter-se.

Parou e olhou em ambas as direcções, indecisa. E se não voltasse a ver o seu filho?

Gemeu ao pensar naquela possibilidade.

– O que foi? – perguntou a professora que a acompanhava.

– Estava a pensar que Danny podia ter ido na outra direcção. Diga-me outra vez quanto tempo passou até se terem apercebido de que ele desaparecera.

– Menos de cinco minutos antes de ter chegado. A menina Savalack estava ocupada com um menino que estava a sangrar. Não esperava que Danny saísse antes da sua chegada. Foi procurá-lo na outra direcção, assim que um professor ficou a vigiar os seus meninos. Se Danny tiver ido para lá, encontra-o.

– Talvez – disse Susan, sem deixar de olhar à sua volta.

Enquanto o fazia, reparou num homem que caminhava lentamente pela calçada. Parecia deslocado no meio da multidão atarefada. Alto, de cabelo preto e moreno, dava a sensação de ser um homem competente e de confiança. Embora a sua roupa não destoasse da do resto dos transeuntes, era de maior qualidade do que o habitual naquele bairro. Era uma tolice reparar nele, pensou, enquanto avançava para ele.

– Desculpe. Viu um menino por aqui? Tem quatro anos e não deveria estar sozinho. Não sabemos se veio nesta direcção, mas não o encontramos.

– Não vi nenhum menino – disse o homem. – Não deveria estar na escola a esta hora?

– Anda no jardim infantil e saiu da escola – Susan mordeu o lábio, cada vez mais assustada. – Talvez não tenha vindo por aqui. Só espero que não tenha tentado atravessar…

– Alguém teria evitado que um menino tão pequeno se lançasse à estrada. Há outras pessoas à procura na outra direcção?

– Sim, a sua professora – Susan olhou para trás. – Mas não a vejo, portanto, suponho que não tenha encontrado Danny.

– Danny? – repetiu o homem, estupefacto.

Susan olhou para ele.

– O meu filho, Danny. Tenho de o encontrar. Oh, meu Deus! Não posso perdê-lo também!

– Eu ajudo-a a procurá-lo. O meu nome é Zack Morgan. Onde o perdeu?

– Não o perdi. Saiu sozinho da escola. Ainda não posso acreditar. Nova Iorque é uma cidade muito perigosa…

– Encontrá-lo-emos – disse Zack, com firmeza.

– A menos que alguém o tenha levado – disse Susan, mencionando o seu pior receio.

Zack agarrou-a com delicadeza pelo braço.

– Ninguém o levou nesta direcção. Tenho vindo a andar ao longo de vários quarteirões e não vi nenhum menino. É melhor tentarmos na outra direcção.

O seu tom razoável acalmou Susan, que se virou imediatamente em direcção contrária, ofegante por encontrar o seu filho.

Menos de cinco minutos depois, viram que a menina Savalack se encaminhava para eles, com Danny firmemente agarrado pela mão.

Susan desatou a chorar e correu para o seu filho.

– Pregaste-me um susto de morte, Danny! – exclamou, enquanto lhe pegava ao colo e o apertava com força contra o seu peito. – Não voltes a fugir assim. Sabes que não deves sair da escola até que eu chegue.

– Achei ver o papá – disse o menino, quando a sua mãe voltou a deixá-lo no chão. – Mas não era ele.

Susan inclinou-se e agarrou Danny pelo queixo para que olhasse para ela.

– O teu papá morreu. Foi para o céu. Não o encontrarás aqui, querido. Amava-te, mas partiu.

– Não! Quero o meu papá! – Danny lançou um olhar furioso à sua mãe.

Zack agachou-se até ficar à altura do menino.

– Olá! – cumprimentou-o.

Danny olhou para ele, com cautela.

– Devias cuidar da tua mãe – disse, com delicadeza. – Estava assustada porque achava que te tinha perdido – acrescentou, enquanto despenteava amigavelmente o cabelo do menino.

– Achava que tinha visto o meu pai.

Susan limpou as lágrimas do rosto e tentou sorrir a Zack.

– Acha que o meu marido apenas se foi embora. Cada vez que vê um homem que se parece um pouco com Tom vai a correr atrás dele. Não acontecia há algum tempo e esperava que já lhe tivesse passado. Obrigada pela sua ajuda. Agradeço-lhe muito pelo que fez.

Zack assentiu.

– Cuidem-se – disse e depois afastou-se, embora desejasse ficar.

Tinha tocado no seu filho. Conhecera a mãe adoptiva dele. Tinha-o assustado por alguns segundos que os receios de Susan Johnson fossem reais.

Fora uma ideia descabida aproximar-se do jardim infantil que aparecia no relatório do detective. Não sabia se teria reconhecido o seu filho se o tivesse visto a brincar com os colegas, mas o destino tinha intervindo e pudera vê-lo e falar com ele.

Era um menino adorável. Tinha os olhos castanhos e o cabelo castanho-escuro, e era óbvio que sentia falta do seu pai. O relatório dizia que Tom Johnson tinha morrido há dois anos, muito tempo para um menino. Não seria feliz com a sua mãe?

Desejando reflectir sobre o encontro, entrou num café e sentou-se para beber um café.

No relatório do detective não havia uma fotografia de Susan. Parecia mais jovem do que tinha esperado. E cansada. Vestia-se simplesmente, usava o cabelo apanhado e quase não estava maquilhada. A expressão dos seus olhos quando lhe tinha perguntado se tinha visto o seu filho tinha-o comovido. Era evidente que amava Danny.

Por algum motivo, Zack sentiu o desejo de também fazer alguma coisa por ela. Não devia ser fácil criar um menino sozinha. Susan não tinha parentes por perto. Segundo o relatório, os seus pais viviam na Florida por motivos de saúde.

O seu falecido marido era filho único de um casal idoso. A mãe vivia agora num lar, na Califórnia.

Quase não tinha recebido dinheiro do seguro. Quando Tom morrera era mais novo do que Zack e devia pensar que tinha toda a vida pela frente. Não podia imaginar que morreria dois meses depois de adoptar Danny.

Zack sentia-se estranho ao saber tanto sobre Susan Johnson e a história familiar dela. Ela só o conhecia como o desconhecido que a tinha ajudado a encontrar o filho. Mas queria conhecê-la melhor, certificar-se de que o seu filho estava bem.

Bebeu um gole do seu café, enquanto se perguntava o que podia fazer. Talvez fosse melhor deixar mãe e filho em paz. Danny parecia um menino saudável e bem cuidado.

Por um momento, perguntou-se o que implicaria ser pai. Teria de mudar de emprego, deixar para trás a vida nómada que tinha levado até então, arranjar um emprego que lhe permitisse estar em casa à tarde, assistir às reuniões da escola…

Aborrecer-se-ia? Acabaria por sentir falta das suas viagens a terras distantes?

Sorriu. Danny era um menino muito bonito. Provavelmente, tinha herdado o cabelo escuro dele. E os olhos castanhos. Parecia-se em alguma coisa com Alesia? Ainda era difícil de dizer. Gostaria de ter algumas fotografias da sua própria infância para saber se se parecia com ele.

Acabou o seu café e levantou-se. Iria ver o edifício onde Susan morava antes de voltar para o hotel. Isso bastaria para fazer uma ideia de onde viviam. Depois, tinha de pensar no que queria fazer durante o resto da sua baixa médica. Tinham-lhe recomendado caminhar e tinha de continuar com a fisioterapia. Dentro de dois meses estaria pronto para voltar a trabalhar no Médio Oriente.

Também precisava de decidir o que fazer com o seu futuro, mas não havia pressa. Tinha tempo.

 

 

Danny começou a dar saltos, entusiasmado.

– Vamos, mamã! Vamos!

– Espera, querido. Quero levar uma garrafa de água e qualquer coisa para comer. Sabes que tens sempre fome no parque.

Susan sorriu enquanto ia à cozinha buscar o que precisava. Quase esquecera por completo o susto do dia anterior, mas não totalmente. Às vezes, não sabia se ia conseguir seguir em frente como mãe solteira. Danny era bastante travesso e tinha de conseguir que deixasse de perseguir desconhecidos, pensando que eram o seu pai.

Felizmente, tinham o parque perto, tal como o seu emprego. O apartamento onde viviam era muito pequeno, mas não podia permitir-se outra coisa com o seu salário. O bairro também não era o melhor, mas as coisas eram assim.

Ao voltar para a sala de estar, olhou, como de costume, para a fotografia de Tom. Ainda sentia falta dele e a dor que lhe provocara a sua perda não tinha desaparecido, apesar dos dois anos decorridos. Antes da sua morte, costumavam passear juntos com o seu filho. Então, Danny ainda andava de carrinho de bebé. Tom teria adorado vê-lo a brincar e a correr com outras crianças no parque…

– Já estou pronta – disse, enquanto sorria ao seu filho.

– Boa! – exclamou o menino.

Assim que a sua mãe abriu a porta, correu para o elevador.

– Eu consigo carregar no botão – disse, orgulhoso, e colocou-se em bicos de pés para carregar.

Assim que chegaram ao rés-do-chão e as portas se abriram, saiu a correr do elevador.

– Espera, Danny! – exclamou a sua mãe.

Danny não se mexia precisamente devagar. Susan riu-se enquanto atravessavam a passadeira praticamente a correr. Alguns segundos depois, estavam no parque. Largou a mão do seu filho e este começou a correr na direcção dos meninos que estavam a brincar.

Susan olhou à sua volta, à procura de um banco livre. Reconheceu imediatamente num deles Zack Morgan, o homem que conhecera no dia anterior. Viveria no bairro? Não recordava tê-lo visto antes. Avançou lentamente para ele. Zack levantou o olhar e assentiu em jeito de saudação com a cabeça.

– Bom dia! – cumprimentou.

A sua voz era profunda e ligeiramente rouca. Susan recordava como era alto. Inclusive sentado, dava a impressão de ser muito grande e forte. O seu cabelo era quase preto e o tom moreno da sua pele dava-lhe um aspecto saudável. A Primavera estava a ser agradável, mas nem tanto. Seria esquiador? Isso explicaria que estivesse tão moreno naquela altura do ano.

Parecia totalmente deslocado no parque. Não dava a impressão de ser um homem precisamente dedicado à vida contemplativa.

Por um instante, sentiu o impulso absurdo de se certificar de que continuava adequadamente penteada e maquilhada. Devolveu o olhar a Zack e sorriu educadamente. Depois de um momento de dúvida, sentou-se ao seu lado.

– Lamento não ter conseguido agradecer-lhe adequadamente ontem – disse.

– Não fui eu quem encontrou o menino, mas a professora.

– O mero facto de se ter disponibilizado para ajudar foi muito atencioso.

– Fico contente por o menino estar a salvo – disse Zack, enquanto virava o olhar para a zona de brincar do parque.

Susan perguntou-se se o filho dele estaria a brincar com as outras crianças.

– Sou Susan Johnson – apresentou-se, enquanto lhe estendia a mão.

A de Zack era firme e calejada. O formigueiro que sentiu no braço ao entrar em contacto com ele surpreendeu Susan, que retirou rapidamente a mão, mais consciente do homem do que considerava oportuno.

– Ontem, estavas um pouco alterada, como é lógico – disse Zack, tratando-a por tu. – Já te passou o susto?

– Sim, embora receie que Danny vá conseguir que me nasçam cabelos brancos antes do tempo – Susan virou automaticamente a vista para a área de brincar. Não pensava correr o risco de que o seu filho começasse a correr atrás de outro desconhecido.

Depois de alguns segundos de silêncio, olhou para Zack e surpreendeu-se ao verificar que ele observava atentamente as crianças que brincavam. Não dava a impressão de ser um homem que passasse muito tempo com crianças.

Zack devolveu-lhe o olhar.

– Há muito tempo que não via crianças a brincar. Passei fora os cinco últimos anos.

– És militar?