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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Nina Harrington

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Doce amor, n.º 1222 - Março 2016

Título original: Always the Bridesmaid

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7763-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Amy Edler tinha três problemas e eram três raparigas. Todas elas exigiam a sua atenção naquele mesmo instante ou haveria lágrimas. Além disso, tinha um telefone entre o queixo e o ombro, uma confeitaria cheia de clientes e um aparelho de ar condicionado que escolhera o dia mais quente do Verão para se estragar.

Fora ideia de Trixi oferecer a dois dos problemas de Amy a oportunidade de porem chocolate nas madalenas, uma surpresa para levar ao resto das raparigas do orfanato.

Mas aquilo era chocolate a sério. E os seus dois problemas tinham onze anos.

Grande erro.

Enorme!

Tentou chamar a atenção de Trixi, mas a sua ajudante estava demasiado ocupada a conversar com os clientes para a ajudar a decidir qual era a melhor madalena.

Amy olhou para o lábio inferior trémulo da rapariga mais alta, depois olhou para o chocolate que saíra do pacote de papel e decidiu que a chamada de telefone podia esperar.

– Acho que o forno estava demasiado quente… mas olha como brilha. Tem um aspecto óptimo.

A menina sorriu, contente. Mas, então, a outra começou a fazer beicinho. Decidira congelar o chocolate e agora tinha dois pedaços de uma coisa castanha em cima de cada madalena.

Amy pôs o prato no microondas durante vinte segundos e, depois, espalhou o chocolate derretido.

– Vês? Não faz mal.

A menina sorriu finalmente.

– Estão perfeitas! Mas com este calor não acho que possamos organizar um concurso a sério. Pode ficar para a próxima vez? – perguntou-lhe. A menina assentiu. – Isso é um sim? Incrível. Bom, meter-me-ia numa confusão se te deixasse voltar para casa com as mãos sujas, portanto chegou o momento de ires lavar-te. Vá lá, eu cuidarei das madalenas.

Amy não conseguiu evitar um sorriso quando a menina se reuniu com as suas amigas a conversar animadamente e a encher a cozinha da confeitaria com as suas gargalhadas.

Fora assim que imaginara que seria.

A sua confeitaria e a sua cozinha cheias de crianças felizes.

Um suspiro escapou da sua garganta antes de conseguir contê-lo.

Sabia que ela podia oferecer um lar feliz a uma criança. Porém, antes de poder adoptar, tinha de passar pelo processo de informação e provar que conseguia ser uma mãe responsável.

Amy deixou cair os ombros. Não havia tempo para sonhar às seis da tarde de uma sexta-feira, quando ainda tinha de discutir com o problema número três.

Coisa que, em teoria, não devia ser um problema, já que a sua amiga Lucy Shaw contratara a organizadora de casamentos mais experiente de Londres, Clarissa.

Era uma pena que Clarissa não atendesse o telefone.

Amy contou a série interminável de toques do atendedor de chamadas.

– Olá, Clarissa, sou Amy Edler outra vez. Lamento incomodar-te, mas disseste que me telefonarias para falar das orquídeas do casamento Shaw. Por favor, telefona-me assim que puderes. Obrigada.

Depois, suspirou novamente, fechando os olhos.

«Tenho a situação controlada. O casamento é no sábado. O bolo sairá perfeito, o casamento será perfeito. Posso fazer orquídeas de açúcar de qualquer cor que Lucy queira. Não é um problema. E por um dia deixarei de ser uma pasteleira humilde e serei uma linda dama de honor.»

Não pararia de repetir aquilo durante os próximos dias.

Claro que a culpa era dela por se oferecer para fazer o bolo nupcial. O bolo perfeito como presente de casamento para dois dos seus melhores amigos.

Tinha de ser de chocolate, é claro. E decorado com flores de açúcar da mesma cor que as flores do ramo de Lucy. De três camadas, feitas com diferentes tipos de chocolate, tudo orgânico, é claro.

«Obrigada pelas noites em branco, Lucy».

Amy teve de sorrir enquanto as meninas saíam da confeitaria com os braços cheios de madalenas enquanto a assistente social tentava controlá-las.

– Tenta fazer com que chegue alguma madalena à escola!

– Lamento não poder ajudar a limpar – desculpou-se a assistente social.

Amy fez um gesto com a mão enquanto as meninas desapareciam, levando com elas a gargalhada e a alegria e deixando para trás… Oh, não!

Amy tentou afastar esses pensamentos tristes. Era hora de começar a trabalhar.

 

 

Jared Shaw aproveitou um sinal vermelho para atravessar a rua, passando entre mensageiros e táxis. Acabara de sair do avião e, embora a única coisa que lhe apetecia fosse relaxar nas suas águas-furtadas, tinha de visitar a melhor amiga da sua irmã: Amy Edler.

As coisas tinham mudado muito naquele bairro nos últimos dezoito anos.

O quiosque onde comprara a sua primeira revista de automóveis continuava ali, mas a loja de ferragens onde lhe arranjavam as rodas da bicicleta transformara-se numa imobiliária elegante.

E a ironia fê-lo sorrir.

Os seus colegas de profissão tinham-se rido quando quisera comprar locais naquela zona de Londres. «Aí não há lucros, amigo.»

Bom, provara que não tinham razão.

Porém, era uma loja em concreto que lhe interessava: a Confeitaria Edler, que chamava a atenção na fila de edifícios de tijolo com o seu letreiro azul e branco.

Quantas vezes colara a cara contra a montra para olhar para os bolos que eram como objectos de outro planeta para um menino sem dinheiro?

Uma menina passou ao seu lado num triciclo, seguida de um homem da sua idade. Parecia-se tanto com a sua irmã Lucy quando era pequena que Jared teve de sorrir. O cabelo loiro, os olhos azuis e um sorriso que conseguia derreter o coração mais duro.

Jared levantou os ombros, tentando libertar a tensão.

Talvez estar ali fosse um erro. Havia demasiados fantasmas naquela rua.

Só uma pessoa conseguiria tê-lo convencido a voltar àquela zona da cidade.

– Demorarás cinco minutos a cumprimentar Amy Edler – dissera-lhe a sua irmã, Lucy. – Só quero que verifiques que não está cansada com a organização do casamento. A pobre já tem suficiente a fazer o bolo nupcial e tu vais estar em Londres de qualquer forma…

Sim, claro, ia estar em Londres. Contudo, trabalhara noventa horas naquela semana e a última coisa que desejava era ter de falar com a dama de honor sobre bolos nupciais quando já estava a pagar à organizadora de casamentos mais cara da cidade.

Ele ganhava o dinheiro e Lucy e a sua mãe gastavam-no.

Mas como podia negar-lhe alguma coisa?

Lucy era a única rapariga que conseguia fazer o que quisesse com ele e, por isso, em vez de ir do aeroporto de Heathrow para o seu apartamento para entrar em contacto com o escritório de Nova Iorque, tinha de ir a uma confeitaria para conversar com a dama de honor e melhor amiga da sua irmã.

Mas era hora de verificar se Lucy fizera bem ao confiar na sua amiga Amy Edler…

Uma campainha tocou sobre a sua cabeça enquanto segurava a porta para um casal idoso que saía da confeitaria naquele momento.

Imediatamente, inalou o cheiro a baunilha e especiarias, misturado com o cheiro a açúcar queimado e pão acabado de fazer. O efeito era muito poderoso, muito caseiro, comparado com o fumo de Londres do outro lado da montra. Porém, quando respirou fundo, sentiu outro perfume, não o das flores que tinha na mão. Rosas? Laranjas?

Jared olhou com olhos de construtor para as paredes lisas e as estantes de madeira clara.

Não tinham nada a ver com o papel castanho e as velhas estantes da Confeitaria Edler que ele recordava. Os velhos cartazes tinham sido substituídos por paredes limpas, pintadas numa paleta de cores suaves.

O efeito era moderno, atraente e interessante.

O pão, de muitos tipos, estava posto em estantes separadas por painéis, mas eram os bolos que estavam sob o balcão que mais chamavam a atenção. A maioria das travessas já estava vazia.

Uma cortina azul abriu-se e Jared olhou para os olhos castanhos de uma adolescente com um avental azul sobre uma t-shirt branca. Uma chapa dizia que estava a olhar para Trixi.

– Olá, lindo! São para mim?

Jared, surpreendido, olhou para o ramo de flores que tinha na mão. Aquilo era um atendimento informal ao cliente.

– Não, lamento, estou à procura de Amy Edler.

– Chefe! Há aqui um rapaz muito bonito que pergunta por ti.

– Diz-lhe para entrar, por favor!

– Amy está nas traseiras – Trixi sorriu. – E se precisar de alguma coisa, eu estarei aqui.

– Obrigada – apercebendo-se de que a rapariga estava a olhar descaradamente para o seu rabo, Jared atravessou a cortina.

Para se encontrar com o caos.

A cozinha da confeitaria estava um desastre. Havia chocolate e açúcar às cores sobre todas as superfícies. E ele odiava açúcar.

A única confeiteira que conhecera na sua vida fora a cozinheira do internato, uma senhora de meia-idade com a constituição de um lutador que, devido ao seu busto amplo, era uma fonte de constante susto para os adolescentes sobrecarregados de hormonas. Embora soubesse como lidar com um rolo da massa.

Mas a rapariga que tinha à sua frente era magra e baixa, com umas calças aos quadrados e o que uma vez fora um avental azul. Madeixas de cabelo castanho fugiam de um lenço azul e branco, chamando a atenção sobre um rosto ovalado e uma boca de lábios generosos.

Tinha o avental, as calças e os braços sujos de chocolate, como os pratos que estava a lavar naquele momento.

Em que confusão é que Lucy se metera?

Amy virou-se para olhar para ele e esbugalhou os olhos.

Aquele rapaz entrava na categoria de «pedaço de homem».

Tinha o cabelo loiro muito curto, um fato elegante e uns sapatos pretos muito caros. O último homem com fato que visitara a sua confeitaria fora o director do banco onde tinha a sua conta corrente e, certamente, não se parecia nada com aquele bombom. Os dois primeiros botões da sua camisa branca estavam desabotoados, mostrando uma pele naturalmente bronzeada, e devia ter calor com aquele casaco de caxemira.

Não parecia um assistente social ou um funcionário público.

E, no entanto, havia alguma coisa na sua forma de olhar para ela. A intensidade da sua expressão fazia com que fosse impossível desviar o olhar. Tinha bigode e uma leve, e certamente estudada, sombra de barba. E os seus olhos azuis fixaram-se nela por cima de um nariz que parecia ter sido partido mais do que uma vez.

Havia qualquer coisa vagamente familiar nele, pensou, particularmente os olhos.

Interessante. Deviam ter-se conhecido alguma vez, mas não se lembrava dele…

– Estava à minha procura? Porque não se senta um pouco enquanto acabo de limpar isto? E como é sexta-feira à tarde, quer comer um bolo? Oferta da casa – ela sorriu, tirando uma bandeja de uma estante de metal. – Lamento, não sei o seu nome. Eu sou Amy Edler.

Depois de pôr um bolo num prato de porcelana branca, a jovem ofereceu-lhe a sua mão sem parar de olhar para ele nos olhos.

Olhando para uns lindos olhos verdes, Jared apertou a sua mão… quente, pequena e um pouco peganhenta, mas firme. Não era um aperto de rapariga, mas o de uma mulher que amassava farinha e lavava pratos. Os seus pulsos e antebraços pareciam fortes, bronzeados.

Ele estava habituado a apertar a mão de homens e mulheres do mundo dos negócios, mas aquilo era diferente. O simples contacto causou-lhe um calafrio de energia, de ligação.

E a expressão surpreendida de Amy disse-lhe que não fora o único que reparara.

Os seus olhos não eram simplesmente verdes, mas da cor do bosque na Primavera, o tipo de olhos cativantes que deixavam um homem com falta de ar.

Estava calor lá fora, mas, de repente, o calor daquela cozinha pareceu-lhe insuportável.

Esperara que Amy Edler fosse a gerente ou a directora financeira, não a confeiteira. Aquela era a rapariga por quem a sua irmã se desfizera em elogios? A jovem que, depois de se transformar numa estrela no mundo dos bancos, deixara tudo para viver a sua vida? Tinha de ser um erro.

Então, viu as horas no relógio da parede.

Claro. Os seus ajudantes deviam ter ido para casa, deixando-a com aquele desastre.

– Sou Jared Shaw, menina Edler. O irmão de Lucy.

– Jared! Ah, claro, desculpa, só esperava conhecer-te na semana que vem. Fico contente por te ver.

– Igualmente. Isto é para si, menina Edler – disse Jared, oferecendo-lhe as flores.

– Amy, por favor – ela sorriu, segurando no ramo de estrelícias exóticas misturadas com orquídeas amarelas e olhando para ele em silêncio durante o que lhe pareceu uma eternidade.

– Não gostas?

– Não, não, antes pelo contrário. São lindas. É que… bom, foi uma simpatia, Jared. Obrigada. Vou pô-las em água – Amy sorriu, finalmente. – Bom, fala-me do casamento enquanto eu acabo de limpar isto.

Jared ficou a olhar para ela enquanto se mexia pela cozinha. Aquela rapariga dedicara-se realmente ao mundo bancário? As mulheres que ele conhecia não se aproximariam de uma cozinha suja.

– Lucy disse-me que estás a trabalhar com a organizadora do casamentos e como eu vou estar em Londres durante alguns dias, gostaria de dar uma ajuda. É evidente que estás muito ocupada, portanto estou à tua disposição. Pensa em mim como o teu rapaz para tudo.

Amy pôs o ramo de flores fabuloso no lava-loiça e abriu a torneira antes de se virar para olhar para ele.

Depois, deu uma gargalhada.

Não pôde fazer nada para o evitar, deixando Jared boquiaberto.

– Lamento, mas é que não teve preço. Como a tua cara agora mesmo.

Pigarreando, Jared puxou a manga direita da camisa e, depois, a esquerda.

– A única coisa que fiz foi oferecer-te a minha ajuda. O que é tão engraçado?

– Tu és engraçado. Lucy disse-me que te oferecerias para dar uma ajuda e eu não acreditei. Mas é que disseste exactamente o que ela me disse que dirias, até mesmo o «rapaz para tudo».

– E a minha querida irmã não mencionou que odeio ser tão previsível?

– Sim, mas entendo – Amy sorriu. – És o irmão mais velho dela e queres o melhor para ela. Não há nada de mal nisso, desculpa-me por me ter rido. Não era nada pessoal, só que o disseste… – Amy teve de tapar a boca com a mão quando voltou a sentir vontade de se rir.

– Talvez devesse voltar amanhã.

– Não, não, por favor, desculpa, é que foi um dia muito longo. Vamos começar outra vez, eh? Que tal um refrigerante? Talvez ainda haja um pouco de sumo. Ou preferes limonada?

– Obrigado, mas não. Continuo a perguntar-me o que é tão engraçado.

– Alguma vez viste esses concursos na televisão? Sabes, daqueles em que as pessoas se apresentam para um casting para demonstrarem o que sabem fazer: dançar, cantar, fazer malabarismos…

– Não tenho tempo para ver televisão, mas sim, sei a que te referes. O que tem a ver?

– Da última vez que Lucy esteve em Londres, decidimos candidatar-nos para o concurso Raparigas com Talento. Ela mostraria as suas famosas habilidades artísticas enquanto eu deixaria os juízes boquiabertos ao fazer um soufflé em directo.

– Não entendo.