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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2014 Catherine Schield

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Sabor a tentação, n.º 2140 - janeiro 2017

Título original: A Taste of Temptation

Publicada originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9229-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Assim que Harper Fontaine saiu do seu animado casino e entrou no seu restaurante moderno e novo, olhou para junto da porta para ver se lá estava ou não uma mala de cabedal preta com rodas: a mala de sobrevivência de Ashton Croft, como ela lhe chamava. Odiava-a, por representar o que não suportava no famoso chefe: a sua tendência para aparecer sem avisar e o seu gosto pela aventura.

Mas queria que a mala ali estivesse porque significaria que Ashton tinha vindo fazer a entrevista ao candidato para o cargo de chefe de cozinha. Faltavam só duas semanas para a inauguração do Batouri, já com atraso, o que fazia com que Harper questionasse a decisão de pedir a um famoso cozinheiro da televisão que se encarregasse da preparação do restaurante do seu hotel.

Mas apesar da grande inauguração estar a fazer publicidade ao hotel, Fontaine Ciel, os níveis de stress a que todos se estavam a ver submetidos eram quase insuportáveis. Carlo Perrault, o gerente do restaurante, estava há dois meses sem dormir e andava cada vez mais irritado. Ela, por seu lado, tinha começado a sentir sérias dores de cabeça.

Com o prolongamento da rodagem de O Cozinheiro Errante na Indonésia, as dificuldades de trabalhar com ele tinham aumentado. Tiveram de atrasar a inauguração do Batouri duas vezes devido às viagens de Ashton para filmar episódios da popular série de televisão.

Mas Harper recusava adiar mais uma vez a inauguração do Batouri. O chão estava acabado. Os lustres de cristal pendiam dos tetos e iluminavam os guardanapos brancos e os cálices de cristal sobre as superfícies pretas das mesas. Há dez dias que os pintores tinham acabado a pintura metálica dourada das três colunas no centro da sala de jantar.

Só faltavam duas coisas para que o Batouri pudesse abrir, duas peças-chave: o chefe de cozinha e uma ementa. E ao confirmar que a mala de Ashton não estava no lugar onde a costumava deixar, parecia que a ementa ia ter de esperar.

Harper olhou para o relógio. Eram exatamente quatro da tarde. Para ter a certeza de que chegava a tempo, tinha dito a Ashton que tinha marcado com o candidato às três. Não estava acostumada a recorrer a esse tipo de estratagemas, mas já não sabia o que fazer com o famoso chefe.

Ligou à sua secretária e Mary atendeu a chamada de imediato.

– O Ashton Croft ligou a dizer que se ia atrasar? – perguntou sem rodeios.

– Não.

– O avião chegava a Las Vegas à uma, certo?

– Exato.

Duas semanas antes Ashton tinha-lhe prometido que, a partir desse dia, ia concentrar-se por inteiro no Batouri. Não devia ter confiado nele.

– Obrigada, Mary. Avisa-me se souberes alguma coisa dele.

– Com certeza – Harper estava quase a desligar quando Mary disse uma coisa que lhe chamou a atenção –:…no teu escritório.

Carlo Perrault saiu a bufar da cozinha. O gerente do restaurante, de quarenta e seis anos, dava sinais de stress.

– Temos outro problema.

– Desculpa, Mary, quem é que disseste que estava no meu escritório?

– A tua mãe.

– A minha mãe? – consciente da presença de Carlo, Harper virou-se de costas para ele. – Disse-te o que está a fazer em Las Vegas?

– Não, mas parece chateada.

– Só chateada? – perguntou Harper irónica.

Penélope Fontaine não teria abandonado a sua elegante casa em Boca Ratón para ir ter com ela se não se tratasse de algo sério. Mas, a ser assim, porque iria ter com ela? Normalmente, quando tinha algum problema, Penélope recorria primeiro ao sogro, Henry Fontaine.

– Ouvi-te dizer que só fuma quando está nervosa – disse Mary. – Acaba de acender o segundo cigarro.

– Está a fumar no meu escritório? Estou aí em cinco minutos.

– Não te podes ir embora – protestou Carlo. – O Croft começou a entrevistar o cozinheiro sem ti.

– Genial – murmurou ela. – Há quanto tempo está cá?

– O suficiente para provar tudo o que o Cole, o cozinheiro, preparou – a expressão de Carlo foi suficiente para lhe dizer que aquela entrevista levava o mesmo caminho que as sete anteriores.

– Mary, parece-me que vou demorar um bocado antes de poder ir. Instala a minha mãe num quarto do hotel e diz-lhe que vou ter com ela quando me despachar daqui.

Harper desligou o telefone e voltou-se para Carlo.

– Desta vez, se volta a estragar tudo, juro-te que o mato.

Carlo concordou, compreensivo.

A discussão entre os dois homens chegou-lhe aos ouvidos antes de chegar à zona da cozinha.

– Estas vieiras grelhadas estão cozinhadas na perfeição – protestou um dos homens. – E não falta sal no molho.

– Evidentemente, o seu paladar é ainda pior do que o seu jeito para cozinhar.

Harper sentiu uma súbita dor de cabeça no momento em que ouviu a segunda voz. Ashton Croft andava há dois meses a entrevistar candidatos para o cargo de chefe de cozinha e tinha recusado todos.

Como de costume, fixou de imediato os olhos em Ashton, cuja presença dominava o espaço: alto e com os braços fortes cruzados, olhava furioso para Cole.

Ashton tinha comido coisas que a Harper lhe davam a volta ao estômago só de pensar, as suas aventuras assustavam-na e cativavam-na ao mesmo tempo.

Com esforço, Harper afastou os olhos dele, fixou-os no outro cozinheiro e dispôs-se a entrar em cena.

– Boa tarde, senhores – disse Harper com tranquilidade e autoridade. Queria Dilon Cole como chefe de cozinha do Batouri. Era um excelente cozinheiro e, além disso, tinha dotes de líder e organização. – Como vai tudo?

– Prova isto – ordenou Ashton, empurrando um prato para junto dela sem tirar os olhos de Cole. – Diz-me se está à altura do Batouri.

Harper negou-se a obedecer.

– Posso falar um instante contigo em privado? – perguntou a Ashton.

– Não podes deixar para mais tarde? – questionou Ashton sem deixar de olhar para Cole.

– Não.

A recusa soou alta e clara, e conseguiu atrair a atenção de Ashton, que fixou os olhos azuis, despertando-lhe uma onda de desejo sexual.

Harper amaldiçoou-se a si mesma por permitir que a atração física deste homem e a sua evidente virilidade a afetassem desta maneira.

Teve de se lembrar que Ashton era uma pessoa pouco fiável e que não se importava com a forma como as suas ações se repercutiam naqueles que o rodeavam. Cumpria na perfeição o papel de deslumbrante aventureiro da televisão, mas deixava muito a desejar no que dizia respeito ao trabalho no lançamento do novo restaurante.

Com os lábios apertados, Ashton aceitou.

– Dê-nos um momento – disse Ashton a Cole, e saiu da cozinha com Harper para ir à sala de jantar. – Que tens de tão importante para me dizer?

– O restaurante abre dentro de duas semanas.

– Sim, bem sei.

– A inauguração não se vai adiar outra vez.

– Também sei disso.

– Precisamos de um chefe de cozinha!

– Eu vou encarregar-me da cozinha.

Mas Harper não acreditou nele.

– Preciso de alguém que se encarregue do dia a dia da cozinha, alguém que esteja sempre aqui.

Ashton abanou a cabeça, percebendo as suas intenções.

– Queres que contrate o Cole. É isso, não é?

– A última vez que estive em Chicago fui ao restaurante dele e a comida era excelente. Estava ansiosa por provar o que fez hoje.

– Não perdeste grande coisa.

Harper ficou a olhar para ele. Nesse dia via algo diferente no comportamento de Ashton. Era como se quisesse criar problemas onde realmente não havia.

– Passa-se alguma coisa? – perguntou Harper de repente.

Ashton pareceu vacilar por uns momentos.

– Não, nada. Porquê?

– Porque, para começar, chegaste a horas.

– Na verdade, cheguei uma hora antes.

Harper guardou silêncio e depois suspirou.

– Enfim, a única coisa que sei é que recusaste sete candidatos para o cargo de chefe de cozinha.

Ashton levantou as sobrancelhas.

– E?

– Preciso de contratar um chefe de cozinha. Na minha opinião, o Cole é a pessoa perfeita.

– Não provaste as entradas dele – no que diz respeito à comida, Ashton era um génio, por isso não é de admirar que não encontrasse ninguém à altura do seu paladar exigente. – Faltava-lhes alguma coisa.

– Tem experiência e saberia gerir a cozinha como eu quero…

Mas Ashton interrompeu-a.

– Quando me pediste ajuda para montar um restaurante, deixei muito claro que, em relação à criatividade, eu tinha a última palavra.

– Em relação à criatividade, mas isto tem que ver com a organização da cozinha – e era por isso que estava decidida a impor a sua vontade.

– A cozinha é o lugar onde se produz a magia.

– Não acredito que se produza qualquer magia sem uma ementa e sem um chefe de cozinha para organizar o pessoal.

Harper sentiu uma pontada da dor na cabeça e pestanejou.

– Estará tudo pronto para o dia da inauguração – afirmou Ashton com absoluta confiança nas suas palavras.

– Mas…

– Confia em mim – a voz profunda de Ashton apanhou-a de surpresa, acalmou os seus protestos.

– Confio em ti – respondeu, mas não era só isso que tinha querido dizer.

No entanto, sabia que era verdade. Podiam ter ideias diferentes sobre como conseguir alguma coisa, mas Ashton tinha-lhe demonstrado que era tão capaz quanto ela de atingir os objetivos a que se propunha. No fundo, sabia que ele ia conseguir elaborar uma ementa que ganhasse a admiração tanto dos clientes como dos críticos.

O que a enfurecia era a ideia de que deixasse as coisas para a última.

 

 

Desde que se conheciam, há nove meses, Harper não tinha mostrado nenhum outro interesse nele além de cozinheiro. Atormentado por ataques de luxúria por causa daquela mulher de negócios, mas sem querer que nada interferisse na sua relação profissional, tinha ignorado as hormonas e tinha mantido a relação com ela a um nível estritamente de trabalho.

No entanto, à medida que se aproximava o dia da inauguração do restaurante, tornava-se mais difícil não a ver a mulher atraente, ainda que demasiado séria, que Harper era.

Exasperava-o não ser capaz de aceitar que Harper não estivesse interessada nele. Estava em Las Vegas, um lugar cheio de mulheres dispostas a passar um bom momento, perfeito para um homem do mundo como ele.

No início do projeto tinha-lhe atraído a ideia de entrar no mercado de Las Vegas. No entanto, tinha percebido demasiado tarde como era difícil transmitir as suas ideias. Tinha exigido alterações que tinham irritado os designers do restaurante e que, ao mesmo tempo, tinham atrasado o processo. Obrigado a viajar por causa do trabalho na televisão, não tinha podido supervisionar o processo e tinha descoberto muitas falhas.

Cúmulo dos azarares, tinha ficado retido na Indonésia devido a problemas na rodagem por causa do mau tempo.

– Que te parece se disser ao Cole que lamentamos mas não o podemos contratar e depois preparo-te algo delicioso? Podias contar-me o que é que tanto te preocupa enquanto comemos.

– O que me preocupa é não ter um chefe de cozinha.

– Deve haver mais alguma coisa. Estás de muito mau humor.

– Não estou de mau humor. E não tenho tempo de comer contigo.

– Há cinco minutos estavas disposta a sentar-te e a provar tudo o que o Cole preparou – Ashton cruzou os braços e olhou-a com solenidade. Assim não tenho alternativa a não ser perguntar-te de que é que não gostas na minha comida.

– Não se trata da tua comida. Comi no Turinos quando eras o chefe e as tuas criações pareceram-me extraordinárias. Não te contratei para a inauguração do meu restaurante sem gostar da tua forma de cozinhar, não achas?

– Nesse caso, é porque não gostas de mim? – Ashton levantou uma mão a prever a resposta negativa. – Eu sei que para algumas pessoas é difícil trabalhar comigo.

Harper respirou fundo e expirou devagar.

– É impossível trabalhar contigo, mas penso que o resultado final vai valer a pena. Apesar dos insultos que fiz para dentro.

Ashton sorriu.

– Insultaste-me?

– Mas nunca à frente de ninguém.

– Sim, claro.

– O que é que queres dizer?

– Que és muito senhora de ti para perderes as estribeiras.

– O que é que tem de mau ser uma senhora?

Ashton sabia que a estava a picar. Quando a conheceu, tinha-a provocado. Mas Harper era demasiado profissional para morder o isco e ele acabou por parar. Mas esta conversa era diferente. Parecia que Harper se tinha livrado da máscara e estava a mostrar como era na realidade.

– Nada, só que não pareces divertir-te muito.

Ashton tinha investigado algumas coisas sobre Harper. Sabia da zanga que tinha com as meias-irmãs por causa da gestão do negócio da família. Harper tinha um grande sucesso profissional, mas não dormia à sombra da bananeira como ele.

– Divirto-me muito com o sucesso do meu hotel. E, além disso, olha quem fala. Passas a vida entre as filmagens e a gestão dos teus restaurantes.

– Não nego que ando bastante ocupado, mas também desfruto do que faço – Ashton abanou a cabeça. – E tu?

– Gosto do meu trabalho. Não o faria se não me divertisse – mas por trás da veemência das palavras de Harper havia dúvidas.

Não é possível que concentres toda a tua vida no trabalho – disse ele. – Não há nada que queiras fazer e que ainda não tenhas feito?

– Falas como se sacrificasse tudo pelo meu trabalho.

A verdade é que ele nunca tinha dito tal coisa, mas o facto de Harper dar essa interpretação às suas palavras era muito significativo.

– Toda a gente sonha fazer algo diferente, talvez uma loucura, num momento da sua vida.

– Concordo.

– Nesse caso, diz-me o que é que gostavas de fazer.

– Não estou a perceber.

– Vamos, confessa. Diz-me a primeira coisa que te vier à cabeça.

Com um gesto de exasperação, Harper franziu a testa e respondeu:

– Gostava de andar de camelo no deserto e dormir numa tenda de campanha.

– A sério? – Ashton desatou a rir. – Admito que não esperava tal coisa de ti. Pensei que ias dizer…

Mas parou. Andavam há nove meses a trabalhar juntos e sabia muito pouco dela.

– O que é que pensavas que ia dizer? – perguntou ela. E os seus olhos castanhos mostraram um sinal de curiosidade.

– Na verdade, não sei. Não te imagino a apanhar um avião para Paris para ires às compras ou deitada ao sol num iate – Harper não era uma mulher frívola. – Talvez… uma visita a um museu?