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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2006 Christina Hollis

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Casamento na toscana, n.º 1043 - abril 2017

Título original: The Italian Billionaire’s Virgin

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9653-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Na Toscana, as pessoas saíam para passear todas as tardes e Rissa tentava esconder a sua curiosidade enquanto o senhor Mazzini a guiava entre os caminhantes.

– Suponho que desfrutaria da passeggiata com o conde, condessa. É o momento do dia que os italianos escolhem para saírem e apanharem ar – explicou-lhe Mazzini, abrindo caminho entre a multidão que deambulava pela praça da vila.

– O meu marido nunca me trouxe para Itália. Na verdade, nunca saímos dos Estados Unidos – respondeu Rissa, tentando esconder a sua frustração.

A verdade era que havia muitas coisas que não fizera. Antes de Luigi falecer, a única viagem que tinham feito fora a Inglaterra, a casa de Rissa, e fora desastroso. Agora que podia viajar, as dívidas do seu falecido marido deixavam-na prisioneira. O estilo de vida tão extravagante de Luigi destruíra a fortuna dos Tiziano e a única coisa que Rissa herdara fora um palácio abandonado há muito tempo. Por enquanto, só o vira de longe. Naquele dia, no entanto, ia entrar na propriedade e poderia ver como estava o que restava de uma das casas familiares dos Alfere-Tiziano.

Tentando fazer com que senhor Mazzini não a agarrasse pela mão, Rissa atravessou os portões enormes que protegiam a propriedade. Enquanto o homem procurava as chaves, Rissa teve a estranha sensação de que estavam a observá-la. É claro, esperava que os habitantes da vila sentissem curiosidade por ela, mas aquilo era diferente.

Rissa virou-se com um sorriso que se desvaneceu imediatamente quando viu que um homem estava a olhar para ela de uma mesa de um terraço próximo.

Buongiorno! – cumprimentou-o.

O homem não respondeu. Estava muito perto dela e poderia ter respondido sem problema, mas não o fez. Estava bem vestido e podia ter-se dito que era bonito se não fosse pela sua expressão. Estava a observá-la intensamente, o que fez com que Rissa sentisse falta de ar. Não era de estranhar que lhe tivesse parecido que alguém estava a observá-la, pois a intensidade daquele olhar era extremamente penetrante.

Rissa tremeu e seguiu o senhor Mazzini até ao interior do palácio. Alegrou-se por o homem fechar o portão imediatamente, mas o seu alívio durou pouco porque, ao olhar em seu redor, verificou que as árvores enormes que tinham caído com o passar do tempo tinham destruído vários muros do castelo.

Para reparar aquilo, ia precisar de muito dinheiro.

Casara-se com Luigi completamente cega pelo amor e aquele amor mudara durante os anos, enquanto ia aceitando a sua tristeza secreta. Um dia, aquele homem de personalidade tão deslumbrante que a mantivera presa como um coelho à frente dos faróis de um carro acabara a sua vida, precisamente, num carro desportivo, saindo da estrada a mais de cento e oitenta quilómetros à hora.

A morte de Luigi afastara Rissa da sua existência plácida, que decorria numa espécie de transe. Descobriu depressa que o seu marido mal deixara dinheiro nas suas contas e que era a última pessoa no mundo que usava o apelido Alfere-Tiziano.

Aquilo fizera-a sentir-se muito responsável e fizera-a decidir que tinha de manter as aparências. Era por isso que tinha de ver aquele palácio misterioso. Gastara quase todo o dinheiro que tinha no bilhete para ir a Itália e, assim que pusera um pé naquele país, apaixonara-se por ele.

Que pena que aquele palácio em ruínas não fosse ter herdeiro. Durante algumas semanas depois da morte do seu marido, a tristeza imensa de não ter tido filhos apoderara-se dela novamente.

Embora a sua situação económica fosse bastante má, quando AMI Holdings, uma potente construtora internacional, lhe fizera uma oferta muito generosa pelo palácio, rejeitara-a.

Se tivesse aceitado, teria podido voltar a instalar-se em Londres, a sua cidade natal, mas sentira-se obrigada a preservar o apelido do seu marido.

Estava a ficar sem dinheiro e a verdade era que tivera várias vezes a tentação de entrar em contacto com a construtora, mas não o fizera por dois motivos: em primeiro lugar, porque o seu marido sempre fora um homem orgulhoso e, em segundo, porque o que estava em jogo era a sua herança e Rissa não gostava de os ver a deitarem abaixo aquele palácio lindo para construírem apartamentos de luxo.

Além disso, pensou que ter uma propriedade em seu nome lhe daria uma certa segurança. Rissa sabia que viver numa casa arrendada fora uma preocupação terrível para o casal que a criara. A única coisa que ela tinha era o seu amor e aquele palácio no meio do nada.

A sua ideia era poder renovar o palácio de alguma forma e conseguir trazer os pais adoptivos para viverem com ela.

Para isso, concedera-se um prazo de um ano. Se então não tivesse conseguido, compraria algo na Inglaterra para partilhar com a tia Jane e com o tio George, que era como chamava aos seus pais adoptivos.

Aquela ruína de casa com ar romântico situada num lugar de sonho das colinas da Toscana era a sua oportunidade para fazer algo bom. Era um lugar maravilhoso e não ia vendê-lo.

Tinha de melhorar o que o destino lhe dera para assim poder viver com os seus pais adoptivos e enterrar os demónios do passado que a perseguiam.

Não podia render-se.

 

 

Aquele mistério era digno de Sherlock Holmes e Antonio Michaeli-Isola não gostava de quebra-cabeças.

Enquanto dava voltas ao seu café, observava como os jovens italianos seduziam. Era muito fácil para eles. Os rapazes e as raparigas entreolhavam-se sob o sol e não era preciso muito mais. A carência de dinheiro era o seu único obstáculo. No entanto, para ele, isso não era um problema. Ele tinha todo o dinheiro do mundo e todas as mulheres que queria, mas precisava de algo mais.

Esse «algo mais» era o palácio Tiziano.

Antonio olhou para os portões que davam para a praça e que escondiam o objecto ansiado do seu desejo. Não era homem que gostasse de não conseguir o que queria e daquela vez a única coisa que havia entre o palácio e ele era a condessa Alfere-Tiziano.

Não a conhecia, mas sabia exactamente como era. Era exactamente tal como todas aquelas mulheres que tinham conseguido chegar ao topo da sociedade casando-se com um nobre. Eram todas mulheres obcecadas pelos trapos, sem nenhuma moral, preguiçosas e que não faziam mais senão seduzir o pessoal masculino ao seu serviço e tratar mal o feminino.

A única coisa que lhes interessava era o dinheiro e o sexo.

Antonio pensara que, depois de Luigi Alfere-Tiziano falecer e depois de ela herdar um palácio em ruínas, a sua mulher o venderia a toda a velocidade e desapareceria a correr sobre os seus sapatos de Manolo Blahnik.

No entanto, pelos vistos, enganara-se, pois aquela mulher parecia disposta a ficar com a casa, o que era completamente inexplicável.

Bela tarefa. Pelos vistos, ficar com o palácio ia custar-lhe algo mais do que dinheiro.

De repente, viu um homem muito bem vestido a escoltar uma rapariga para os portões do palácio. Ficou tenso. Aquela tinha de ser a condessa. Não era a mulher que ele esperava, a típica bruxa de Manhattan, mas uma jovenzinha magra e bonita que parecia nervosa.

«As coisas estão bem», pensou Antonio.

Ficar com o tesouro dos Tiziano ia ser mais fácil e mais agradável do que pensara.

 

 

Quando voltou para o Hotel Excelsior de Florença, Antonio estava à espera de um exemplar do Financial Times. Antes de consultar o seu e-mail, deu-lhe uma olhadela e parou para ler o artigo que falava sobre ele, com o título Multimilionário doa dinheiro para construir um novo hospital.

Novamente, havia certos dados que não eram exactos sobre ele, mas já estava habituado. Como de costume, diziam que a sua mãe era filha de um refugiado e que, em sua honra, Antonio usava parte do seu apelido de solteira juntamente com o do seu pai, um peixeiro de Nápoles.

Ao contrário das revistas, o jornal não dizia nada sobre a beleza de Antonio ou sobre a sua herança italiana. Infelizmente, como outras publicações, mencionava a sua fortuna, algo de que ele não gostava.

Antonio crescera na pobreza e aquilo ensinara-lha que tinha de trabalhar muito e confiar em si próprio. Agora que as coisas estavam bem economicamente, gostava de partilhar com os outros e ajudar a sociedade, mas o gosto que outras pessoas encontravam em falar da sua vida e do seu dinheiro surpreendia-o sempre.

A sua infância napolitana marcara-o e deixara muito claro que se quisesse algo na vida tinha de ser ele a fazê-lo.

Enquanto pensava em como aquela ideia lhe servira na sua vida empresarial, Antonio começou a folhear o jornal e, de repente, viu-a.

Sim, tratava-se da mulher que rejeitara duas vezes a oferta da sua empresa para comprar o palácio dos Tiziano.

Normalmente, nunca lia a secção de sociedade, mas daquela vez abriu uma excepção.

 

Sempre na última moda?

Será que a condessa Alfere-Tiziano está a delapidar a herança do seu marido? Larissa Alfere-Tiziano está a gastar a sua herança a toda a velocidade. Viúva devido ao acidente de viação que custou a vida ao seu marido, a inconsolável Rissa não duvidou em transformar as propriedades do seu marido em dinheiro líquido assim que pôde.

 

O artigo estava acompanhado por uma fotografia da linda mulher que Antonio vira a entrar na propriedade que, por direito, lhe pertencia.

Segundo aquele artigo, Rissa era uma mulher egoísta e ambiciosa. Aquilo fê-lo pensar que se lhe fizesse uma terceira oferta pelo palácio não ia conseguir nada. Ia ter de empregar algum truque, algo mais subtil.

É claro, o sexo funcionaria e ele estava disposto a dar-se aquele gosto, mas somente para descobrir porque é que a condessa não hesitara em vender propriedades muito mais luxuosas e mais bem situadas e não queria livrar-se daquela.

Assim que conhecesse os motivos, decidiria qual era a melhor maneira de conseguir os seus propósitos.

Antonio recostou-se na poltrona e sorriu.

 

 

– Fico muito contente por a conhecer, condessa – replicou a idosa, fazendo-lhe uma reverência.

– Por favor, não faça isso – pediu Rissa. – Chama-se Livia, não é?

O senhor Mazzini assentiu.

– Livia cuida de tudo isto há muito tempo.

O senhor Mazzini tentou passar ao lado dela e começar a visita do palácio o mais depressa possível, mas Rissa estava interessada na idosa.

– Obrigada, Livia. Suponho que a família Alfere-Tiziano terá sabido recompensá-la.

– Pois! – exclamou a mulher, num tom de voz baixo.

Aquilo fez Rissa compreender que a sua sogra devia ter sido tão generosa com a governanta como fora com ela. Ambas eram plebeias e, como tal, inferiores à condessa e objecto do seu desprezo.

– Vamos, condessa, antes que o sol se ponha – indicou o senhor Mazzini, safando-a da vergonha, pois Rissa não sabia o que responder.

Depois de sorrir para a idosa, entrou numa cozinha enorme e quente com uma lareira linda e grande antiga. Também havia panelas e frigideiras de cobre, reluzentes, penduradas sobre uma mesa de madeira muito grande.

Naquele momento, tocou o telefone e Rissa viu com alegria que se tratava da sua mãe adoptiva.

– Auntie! – cumprimentou-a, com regozijo. – Ia telefonar-vos agora. Sim, é verdade, vou ficar no palácio a partir de hoje e, assim que tiver preparado um quarto para ti e para o tio, poderão vir!

Mazzini fez uma careta de desgosto e Rissa teve a sensação de que dissera algo inadequado. Tapando o auscultador, interrogou-o com os olhos.

– Primeiro vai ter de vir um arquitecto para arranjar o chão e, por enquanto, há apenas duas divisões habitáveis, a cozinha e um quarto – informou-a o homem.

Rissa ficou atónita.

– Espero que vos apeteça acampar – disse à sua mãe. – Pelos vistos, a casa está pior do que eu pensava, mas o senhor Mazzini disse-me que conta com um terreno de dez hectares…

– …de vegetação selvagem e descuidada – acrescentou o aludido.

– Certamente, tal como estão as coisas, só podem melhorar! – exclamou Rissa, tentando parecer alegre para a sua mãe. – O casal que se ocupou da minha educação há dez anos não saía de casa nem uma só noite – explicou ao senhor Mazzini e a Livia, depois de desligar o telefone. – Poupavam até ao último cêntimo para me pagar a universidade.

– Foi para a universidade? – estranhou o senhor Mazzini.

– Sim – respondeu Rissa. – Estudei Marketing e Publicidade. Quando acabei o curso, fui com um grupo de amigos viajar durante alguns meses antes de começarmos a trabalhar. Eu não tinha muito dinheiro, por isso tive de trabalhar para poder continuar a viajar. As minhas amigas foram a Los Angeles e a Las Vegas e eu fiquei a trabalhar em Nova Iorque. Um dia, o conde teve um furo na auto-estrada 66 e foi parar ao café onde eu trabalhava. Como se costuma dizer, o resto é história.

Mazzini e Livia olhavam para ela intrigados e Rissa pensou que se excedera nas suas explicações. Luigi sempre lhe dissera que não devia mostrar-se demasiado amigável com os empregados.

Rissa disse para si que o seu marido falecera e que já não tinha de fazer tudo para lhe agradar, portanto endireitou as costas, pigarreou e olhou para os empregados nos olhos.

– Bom, são águas passadas. Agora, só tenho a minha tia Jane, o tio George e este velho palácio – comentou. – Será melhor continuarmos a visita, senhor Mazzini.

 

 

Três horas depois, Rissa estava a sós.

Mazzini fora para Florença a toda a velocidade no seu Alfa Romeo e Livia fora dormir para sua casa, situada na vila.

Ouvia-se uma tempestade ao longe e Rissa não gostava de estar sozinha na cozinha, portanto dirigiu-se para o pequeno quarto que lhe tinham preparado e que, a julgar pela pequena janela que tinha no topo de uma parede e pelo frio que estava, devia ter sido uma despensa.

Graças a Deus, Livia pusera-lhe um velho aquecedor no canto. Rissa meteu-se na cama, entre os lençóis suaves e limpos com cheiro a lavanda.

Apesar de se sentir muito bem naquela cama, esteve várias horas acordada, habituando-se aos novos barulhos, que eram muitos porque a antiga mansão rangia por todos os lados.

Farta de dar voltas na cama, acendeu a luz e levantou-se, disposta a ouvir o rádio que trazia na mala. No entanto, quando fez menção de o ligar, ouviu um grito procedente do jardim.

Aguçou o ouvido e o grito voltou a ouvir-se. Rissa aproximou-se da porta que comunicava com o jardim, abriu-a e estudou a escuridão. A poucos metros dela, viu um gato cor de âmbar com uma pata ferida.

– Anda cá, gatinho – chamou-o.

O gato não se mexeu, portanto Rissa saiu e aproximou-se dele. O animal assustou-se e fugiu. Rissa seguiu-o. Apesar de o gato correr com três patas, era mais rápido do que ela e, num abrir e fechar de olhos, perdeu-o de vista e deu por si perdida no meio do jardim.

Não via absolutamente nada, não sabia para onde ia e deu por si a magoar-se nas silvas. Para cúmulo, perdeu o equilíbrio e caiu no chão com um tornozelo dorido.

Certamente, aquela aventura ia de mal a pior. Rissa conseguiu pôr-se de pé e, com grande dor, avançar para a casa. Ia a caminhar com a cabeça baixa, concentrada no chão.

Ao chegar ao topo de uma encosta que não se lembrava de ter descido, levantou o olhar e viu uma silhueta masculina, alta e forte, na porta que deixara aberta.