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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2009 Barbara Schenck

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Gelo e paixão, n.º 1182 - dezembro 2017

Título original: Savas’ Defiant Mistress

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-601-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Estava a pensar em caixinhas quadradas, cheias de gomas – disse Vangie ao telefone.

Sebastian, que não estava a ouvi-la, tinha a atenção fixa no ecrã do computador que tinha à sua frente. A sua irmã estava há quase vinte minutos a falar sem parar. Embora a verdade fosse que, nas últimas três semanas, não dissera nada importante.

– Sabes o que quero dizer, Seb? Seb? – insistiu ela, levantando o tom de voz ao ver que não lhe respondia. – Continuas aí?

Sim, continuava lá.

Sebastian Savas suspirou sem desviar o olhar dos detalhes do projecto Blake-Carmody, onde também estava a sua mente. Olhou para o relógio. Tinha uma reunião com Max Grosvenor em menos de dez minutos e queria ter tudo fresco.

Tinha trabalhado arduamente para tentar encontrar ideias para aquele projecto, consciente de como seria importante para a Grosvenor Design.

E ainda seria melhor se ele fosse escolhido para chefiar a equipa. Fizera a maior parte do trabalho. Usando as suas ideias e as de Max, passara os dois últimos meses a pensar nos planos estruturais e no desenho do espaço comum da torre de escritórios e apartamentos. E, na semana anterior, enquanto ele estava no Reno a trabalhar noutro projecto de grande importância, Max apresentara-o aos clientes.

Se tinham conseguido o projecto, fazia sentido que, na reunião que iam ter, Max lhe pedisse para ser o chefe da equipa.

Seb sorria sempre que pensava nisso.

– Bom, Seb – continuou Vangie. – Estás muito calado hoje. Então… O que te parece? Cor-de-rosa? Ou prateado? Quero dizer para as caixinhas. Ou… – fez uma pausa, – talvez seja demasiado infantil, as gomas. Talvez devêssemos enchê-las de rebuçados de menta. O que pensas, Seb?

Sebastian reagiu ao ouvir outra vez o seu nome. Suspirou e passou uma mão pelo cabelo.

– Não sei, Vangie.

A verdade era que tanto fazia.

Era o casamento de Vangie, não o dele. Ele não tencionava casar-se, portanto nem sequer lhe interessava aprender com a experiência.

– E porque não as duas coisas? – acrescentou, para dizer alguma coisa.

– Achas? – perguntou ela, como se lhe tivesse sugerido algo muito estranho.

– Faz o que quiseres, Vangie. É o teu casamento.

E estava a transformar-se no maior casamento de Seattle, mas se isso a fazia feliz, pelo menos por enquanto, quem era ele para a contrariar?

– Sei que é o meu casamento, mas tu vais pagar tudo – comentou ela.

– Não há nenhum problema.

Toda a família se dirigia a Seb, para pedir conselho, para chorar no seu ombro e para que pagasse as contas. Fora assim desde que começara a trabalhar como arquitecto.

– Suponho que poderia perguntar ao pai…

Seb conteve um suspiro. Philip Savas só sabia fazer filhos. Não os educava. E apesar de ter muito dinheiro, não o partilhava, a não ser que não quisesse alguma coisa. Como outra mulher.

– Não vás vê-lo, Vangie, sabes que não vale a pena – aconselhou Seb à sua irmã.

– Suponho que não. Só que… seria perfeito se se lembrasse de vir para me levar ao altar.

– Sim – «boa sorte», pensou Seb, com tristeza. Quantas vezes teriam de decepcionar Vangie para que aprendesse?

Seb podia pagar as contas, apoiar e cuidar dos seus irmãos para que tivessem tudo o que precisavam, mas não podia garantir-lhes que o seu pai ia agir como um pai. Com trinta e três anos de vida, nunca o fizera.

– Telefonou para ti? – perguntou Vangie, esperançada.

– Não.

Philip só lhe telefonava para lhe falar de problemas. E Seb estava cansado de tentar ter uma relação com ele. Voltou a olhar para o relógio.

– Escuta, Vangie, tenho de desligar. Tenho uma reunião…

– É claro, lamento muito. Não devia ter-te incomodado. Lamento incomodar-te tanto, Seb. Mas és o único que está aqui e… – interrompeu-se.

– Sim, devias ter-te casado em Nova Iorque. Terias tido muita ajuda lá.

Quando Seb se mudara para Seattle depois da universidade, fizera-o de propósito, para se afastar das ex-madrastas e meios-irmãos. Não se importava de os ajudar, mas não queria que interferissem na sua vida. Nem no seu trabalho. Que era mais ou menos o mesmo.

Tivera o azar de Vangie, depois de estudar em Princeton, ter ficado noiva de um rapaz, Garrett, cuja família era de Seattle e de terem decidido viver ali.

Por sorte, cada um tinha a sua vida e o seu trabalho e quase nunca se viam.

Mas, à medida que se aproximava a data do casamento, as coisas tinham mudado. Os planos do casamento requeriam comentários e consultas constantes.

Vangie começara a telefonar-lhe diariamente. Depois, duas vezes por dia. E recentemente, quatro e cinco vezes por dia.

Gostaria de lhe dizer para relaxar e tomar as decisões sozinha, mas não o fizera. Conhecia Vangie. Gostava dela. E entendia que os seus planos de casamento fossem como tornar um sonho realidade.

Sempre desejara fazer parte de uma família «a sério», uma família «normal».

E Seb surpreendia-se com o facto de ela saber o que era «normal».

Em qualquer caso, Max deixara uma mensagem no seu telemóvel na noite anterior, enquanto ele voltava do Reno de avião, dizendo-lhe que queria que falassem naquela tarde.

O que significava que tinham conseguido o projecto Blake-Carmody.

– Não sei – comentou Vangie. – Há tantas coisas em que pensar. Os guardanapos, por exemplo…

– Sim, bom, falaremos disso mais tarde – interrompeu-a Seb, tentando ser diplomático. – Agora tenho de ir. Se tiver notícias do pai, dir-te-ei – acrescentou, – mas é mais provável que te telefone a ti do que a mim.

Ambos sabiam que o mais provável era que não telefonasse a nenhum dos dois. Da última vez que tinham tido notícias dele, ia casar-se com a sua última secretária, a quarta a pôr o olho na sua fortuna. Pelo menos, Philip sabia como fazer um bom acordo pré-nupcial.

– Espero que sim – comentou Vangie. – Ou talvez tenha telefonado a uma das raparigas.

– Que raparigas?

– As raparigas – repetiu ela, com impaciência. – As nossas irmãs – esclareceu. – A nossa família. Vêm esta tarde – acrescentou, com alegria.

– Para aqui? Porquê? O casamento é no mês que vem, não é? – Seb tinha muito para fazer, não podia perder o mês de Maio inteiro.

– Vêm ajudar – explicou Vangie, com satisfação. – É o que a família faz.

– Durante um mês inteiro? Todas? – não se lembrava de quantas eram, mas não lhe parecia uma boa notícia.

– Só as trigémeas. E Jenna.

Então, todas as que tinham mais de dezoito anos. Como é que Vangie ia suportá-las durante um mês inteiro?

– Bom, boa sorte. Queres que mande alguém ir buscá-las ao aeroporto?

– Não. Não te preocupes. Chegam de lugares diferentes e a horas diferentes, portanto disse-lhes para apanharem um táxi.

– Sim? Fico contente por ti – declarou, contente por Vangie e por não ter de ser ele a organizar tudo. – Onde vão ficar?

Perguntara-o porque pensara que devia saber. Talvez pudesse ir buscá-las todas no domingo e convidá-las para jantar, para terem uma relação de família um pouco «normal».

– Contigo, é claro.

Deixou cair a pasta que tinha nas mãos em cima da secretária.

– O que disseste?

– Onde haveriam de ficar? Tens imensos quartos vazios! Tem de haver pelo menos quatro quartos nas tuas águas-furtadas! Eu vivo num estúdio, sem nenhum quarto. Além disso, porque não haviam de ficar com o seu irmão mais velho? Somos uma família, não somos?

Seb estava furioso.

– Não te preocupes, Seb, não será nenhum problema. Quase nem perceberás que estão aí.

Não? Imaginou meias penduradas no varal, gotas de verniz das unhas, a casa toda desarrumada…

– Vangie! Não podem…

– É claro que sim, cuidarão de si próprias. Não te preocupes. Vai para a tua reunião. Depois falamos. E telefona-me se tiveres notícias do pai.

E desligou.

Seb ficou a olhar para o telefone e desligou-o bruscamente. Amaldiçoou Evangeline e a sua fantasia de ter uma família «normal».

Não tencionava partilhar as suas águas-furtadas com quatro irmãs durante um mês. Deixá-lo-iam louco. Três raparigas de vinte e três anos e outra de dezoito que invadiriam cada centímetro da sua casa. Não conseguiria trabalhar. Nem teria um momento de paz.

Não se importava de pagar as contas, mas não ia permitir que invadissem o seu espaço!

 

 

Gladys, a secretária de Max, levantou o olhar do computador e sorriu de orelha a orelha.

– Não está.

– Não está? Porquê? Temos uma reunião.

Além disso, não fazia sentido. Max sempre estava lá, excepto quando estava numa obra. E nunca marcava duas reuniões ao mesmo tempo, era demasiado organizado.

– Não demorará a chegar. Deve estar num engarrafamento – comentou Gladys, sem parar de sorrir. – Telefonar-te-ei quando chegar, se quiseres.

– Está… numa obra?

– Não. Está a voltar do porto.

– Do porto? – Seb franziu o sobrolho. Não sabia que Max tinha um projecto lá.

Max era, ou fora desde que Seb fora trabalhar para ele, um modelo a seguir. Trabalhador, concentrado e brilhante. Era o homem em que ele queria transformar-se, a figura paterna que nunca tivera.

Portanto, se não estava ali às cinco e um quarto da tarde, depois de ter sido ele que convocara a reunião, alguma coisa estava mal.

– Está bem?

– Eu diria que não pode estar melhor – comentou Gladys, com alegria. – Está a passear.

Seb franziu o sobrolho ainda mais. A passear? Max? Talvez tivesse entendido mal e ele tivesse dito «numa reunião».

– Tenho a certeza de que não demorará – nesse momento, tocou o telefone. – Escritório do senhor Grosvenor.

Pelo seu sorriso, Seb soube quem telefonava.

– Sim, está aqui – replicou Gladys. – À tua espera. Ah… – olhou para Seb. – Tenho a certeza de que sobreviverá. Sim, Max. Sim. Dir-lhe-ei.

Desligou e, sem parar de sorrir, levantou o olhar para Seb.

– Está na garagem. Disse-me que podes entrar no seu escritório e esperar por ele lá.

– Está bem, obrigado, Gladys – respondeu ele, sorrindo também.

Depois de observar a paisagem impressionante, abriu a pasta e começou a tirar os esboços que fizera para começar a trabalhar o mais depressa possível. Nesse momento, abriu-se a porta e apareceu Max.

Seb levantou o olhar. Olhou para ele fixamente.

– Max?

É claro que era Max, a sua figura alta e ágil, o rosto magro e de linhas duras, o cabelo grisalho e o sorriso de orelha a orelha que esboçava eram inconfundíveis.

Mas onde estava a gravata? E a camisa de manga comprida? E os sapatos pretos resplandecentes? Noutras palavras, o uniforme de Max. A roupa com que fora trabalhar todos os dias durante os últimos dez anos.

– Serás mais profissional se o teu aspecto for profissional – dissera a Seb, assim que o contratara. – Recorda-o sempre.

E ele fizera-o. Naquele momento, vestia a sua própria versão do uniforme: calças azuis, camisa às riscas cinzentas e brancas e gravata a condizer.

Max vestia umas calças de ganga desgastadas e um casaco azul-marinho por cima de uma t-shirt amarela da universidade de Washington. Estava despenteado e não tinha meias.

– Lamento muito, estou atrasado – declarou. – Tinha ido navegar.

Seb teve de fazer um esforço para manter a boca fechada. Navegar? Max?

Muita gente saía para navegar, até mesmo durante a semana, mas Max Grosvenor não. Max Grosvenor era viciado no trabalho.

Viu-o tirar o casaco e tirar uma pasta de desenho do armário.

– Teria ido a casa mudar de roupa, mas tinha marcado a reunião contigo. Portanto… – encolheu os ombros, parecia contente, – aqui estou.

Seb continuava perplexo. Teria entendido se Max tivesse tido outra reunião, mesmo que fosse num barco. Coisas mais estranhas tinham acontecido. Mas não lhe fez perguntas.

Apesar da sua roupa, Max voltava a estar concentrado no trabalho. Abriu a pasta e tirou os papéis do projecto Blake-Carmody.

– É nosso – comentou, sorrindo.

E Seb sorriu também, satisfeito por todo o seu trabalho ter dado frutos.

– Estivemos a dar-lhe uma olhadela enquanto tu estavas no Reno – continuou Max. – Trouxe também algumas pessoas do projecto. Espero que não te importes, mas o factor tempo era essencial.

– Não, não me importo – Seb compreendia. Apesar de ele ter trabalhado muito no projecto, Max era o presidente da empresa.

E ninguém podia ter ido ao Reno em vez de Seb, já que o projecto do complexo hospitalar era todo dele.

Max assentiu.

– É claro que não – replicou Max, deixando-se cair na poltrona de pele que havia por trás da sua secretária e cruzando os braços atrás da cabeça. Depois, com um gesto, indicou a Seb que se sentasse também. – Tinha a certeza de que o entenderias. E disse a Carmody que grande parte do trabalho era teu.

Seb sentou-se na outra poltrona.

– Obrigado.

Alegrou-se por o ouvir, assim Carmody entenderia que Max não era o único responsável pelo trabalho e não se sentiria mal quando Seb fosse escolhido para chefiar o projecto.

Max baixou os braços e chegou-se para a frente, apoiando os antebraços nas coxas e entrelaçando os dedos.

– Portanto, espero que não te incomodes que eu chefie o projecto.

Seb ficou sem fala.

– Sei que tínhamos falado de seres tu a fazê-lo – continuou Max, – mas estiveste muitas vezes no Reno. E ainda tens coisas para fazer no projecto Fogerty e no edifício Hayes, não é?

– Sim, é verdade – mas isso não significava que não quisesse trabalhar ainda mais para levar a cabo o projecto Carmody-Blake.

Max assentiu com alegria.

– Exactamente. Assim terás mais tempo para trabalhar no concurso da escola de Kent. Ficaram muito impressionados com as tuas ideias.

Seb fez um som inarticulado e esperou parecer contente com o elogio. Porque era um elogio. Mas… ele também queria o projecto Blake-Carmody.