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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Judy Russell Christenberry

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma rapariga com sorte, n.º 1243 - Maio 2016

Título original: Snowbound with Mr. Right

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicadacom a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estãoregistadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7970-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Sally Rogers estava na montra dos armazéns Bailey, a tentar criar um escaparate atractivo para o público. E começava a pensar que era uma batalha perdida quando, felizmente, lhe ocorreu uma ideia. Mas, enquanto estava a mudar tudo, foi interrompida pelo homem que vira entrar na loja pouco antes.

– Desculpe, estou à procura do proprietário dos armazéns.

Sally olhou por cima do ombro. Era um homem alto, elegante e jovem.

– Para quê? – perguntou-lhe.

– Tenho de falar com ele sobre um certo assunto.

– Lamento, agora é impossível. O proprietário está muito ocupado.

Tinha sido um dia muito longo e Sally estava cansada porque, além de gerir o negócio, ainda estava a tentar superar a morte dos seus pais. De repente, tivera de gerir a loja e tomar muitas decisões sozinha; era uma tarefa árdua.

– Lamento, menina, mas isso não lhe cabe a si decidir – insistiu o homem.

Sally saiu da montra, afastando uma madeixa de cabelo loiro da sua cara.

– É sim, a decisão é minha e está a interromper-me. Acabo de decidir o que vou fazer nesta montra e não tenho tempo para me pôr à conversa.

– Você é a proprietária?

– Sim, sou eu – respondeu ela, dirigindo-se para o fundo da loja.

– O que está a fazer?

– Embora não lhe diga respeito, ia procurar uma escada para pôr na montra.

– Uma escada?

Sally voltou-se para olhar para ele. Evidentemente, não conseguiria livrar-se dele assim tão facilmente.

– Vou usá-la para pôr as camisas na montra. Preciso de alguma coisa vertical.

Mas antes de ela pegar na escada, o homem adiantou-se.

– Deixe-me ajudá-la. E estou de acordo, as camisas ficam melhor na vertical.

Sally começava a fica verdadeiramente zangada.

– Obrigada, mas posso levar a escada sozinha.

O estranho sorriu.

– Preciso de falar consigo e, já que estou aqui, posso dar uma ajuda.

Suspirando, Sally voltou-se para pôr a escada na montra e começou a colocar as camisas em diferentes níveis até ficar satisfeita.

Quando acabou, saiu da loja para ver o resultado dos seus esforços do ponto de vista do cliente. E, para sua surpresa, viu-se na companhia do estranho, que estava ao seu lado.

– Bom trabalho! Desde quando é a proprietária da loja?

– Desde que os meus pais morreram, ainda não há muito tempo.

– Ah, então é por isso eu não tenho a informação correcta.

– Na sua informação aparecia Bob Rogers como sendo o proprietário?

– Sim. Suponho que era o seu pai.

– Sim, claro. Os meus pais morreram recentemente num acidente de automóvel, juntamente com os meus tios. Desde então eu sou a proprietária dos armazéns Bailey.

– Então o que tenho para dizer… enfim, suponho que agora tenho de falar consigo.

– Olhe, estou cansada – suspirou ela.

– O seu pai não lhe disse que eu vinha?

Sally voltou-se para olhar para ele. Parecia um modelo da revista GQ e era absurdo vê-lo diante de uma loja de província.

– O meu pai? Como é que ele podia adivinhar que você vinha?

– O meu avô e ele tinham um acordo – disse ele, incomodado.

– O seu avô? Quem é o seu avô?

– Wilbur Hunt, da empresa Hunt, em Denver – o homem parecia esperar que Sally se mostrasse impressionada.

– Não me recordo de ter visto qualquer carta da empresa Hunt entre os papéis do meu pai. A que tipo de acordo se refere?

– Eu ia trabalhar aqui, no armazém, durante os últimos quinze dias do mês.

Sally olhou para ele como se ele falasse outro idioma.

– Está a brincar.

– Não, não, falo muito a sério.

– Mas isso é ridículo.

– Ridículo, porquê?

– Porque o meu pai já tinha duas pessoas contratadas para o Natal.

– Não ia pagar-me. O meu avô tinha falado com o seu pai para comprar a loja… – o estranho levantou uma mão quando ela ia interrompê-lo. – Tenha calma, o seu pai recusou-se a considerar a ideia. Mas, tendo em conta como vão os negócios, o meu avô pensou que seria uma maneira interessante de reunir informações… para o caso de decidirmos abrir lojas pequenas por todo o estado.

– Ou seja, o meu pai ia ensinar-lhe como afastar-nos do negócio – replicou Sally, irónica.

– Não, não é isso. O meu avô e ele tinham acordado que não ficaríamos com a sua loja nem abriríamos outra do mesmo estilo na zona.

– Eu não sei nada desse assunto e parece-me incrível.

– Penso que foi um acordo de cavalheiros.

– E eu penso que o meu pai não aceitou. Devia tê-lo deixado por escrito… se não fosse por ele, seria por mim. Eu não o deixaria trabalhar aqui a menos que assinasse uma cláusula de não concorrência.

– Sally? – alguém a chamou do armazém.

Ela deixou escapar um suspiro.

– Espere um momento.

Quando entrou no armazém encontrou o seu empregado, Billy Johnson, a olhar para um monte de caixas com ar assustado.

– O que se passa, Billy?

– Não sei o que fazer com todas estas coisas.

Sally olhou para as caixas cheias de calças de ganga.

– Tens de as pôr nas prateleiras de roupa de homem. São calças de ganga, Billy.

– Mas algumas são calças de ganga de senhora.

– Então vão para a secção de roupa de senhora. Espera, vou separá-las.

Aos sessenta e cinco anos Billy já tinha idade para se reformar, mas recusava-se a deixar de trabalhar. E, embora por vezes se confundisse um pouco nas tarefas, o seu pai costumava dizer que se podia contar sempre com ele para levantar as caixas pesadas que mais ninguém conseguia levantar.

– Muito bem, já percebi – assentiu o homem.

Sally voltou para a loja e encontrou o estranho apoiado num expositor.

– Precisa de mais alguma coisa?

– Tempo para falar consigo.

– Lamento, mas estamos no mês de Dezembro. Não tenho muito tempo.

– Claro, aqui também estão mais ocupados do que no resto do ano, não?

– É verdade. O Festival de Natal começa dentro de uma semana e tenho muitíssimas coisas para organizar.

– O que é o Festival de Natal?

– Uma festa que organizamos na vila. Os nossos pais organizaram-na pela primeira vez quando tínhamos três anos e transformou-se numa tradição – Sally pensou nos bons momentos que passara durante esses anos. Este Natal ia ser muito triste para as duas.

– Os seus pais? Tem irmãos?

– Não, sou filha única, referia-me à minha prima Penny – suspirou. – Ambas queríamos ver o Pai Natal, mas como Denver fica muito longe os nossos pais decidiram que seria mais fácil trazê-lo aqui… e acabaram por fazer turnos com o fato vermelho e a barba. E agora muita gente vem a Bailey só para ver o nosso Pai Natal.

– E quanto dinheiro ganha com isso?

Ao aperceber-se do sarcasmo, Sally levantou o olhar. Estava a começar a deixá-la furiosa com tantas perguntas.

– Nem um cêntimo, antes pelo contrário. Servimos refrigerantes e sandes às crianças e oferecemos roupa usada aos mais necessitados. Naturalmente, entram mais clientes durante esses dias, mas é apenas isso. A minha prima dá a árvore, eu dou os enfeites e depois fazemos biscoitos para as crianças. É um Festival de Natal verdadeiro.

O estranho mexeu-se, incomodado.

– Certamente poderia ganhar dinheiro se cobrasse os refrigerantes.

– Não, obrigado. Imagino que seja assim que vocês fazem as coisas na cidade, mas não aqui.

– Mas deveria considerar…

– Não deveria considerar nada – interrompeu-o. – É o Festival de Natal de Bailey e não tenho a menor intenção de o alterar.

– Alguma vez lhe disseram que é muito teimosa? – perguntou-lhe o estranho, com um sorriso que a deixou um pouco mais calma.

Mas virou-se rapidamente, receando que as lágrimas aparecessem nos seus olhos. Essa era uma das queixas frequentes do seu pai. Dizia-lhe que era teimosa, mas ele dizia-o com carinho. E essa lembrança causou-lhe um aperto no coração.

– Era apenas uma brincadeira. Não queria fazê-la chorar – desculpou-se ele, segurando-lhe o braço.

– Não é nada. O meu pai passava a vida a dizer-me isso.

– Lamento, eu não queria… Mas suponho que tudo isto lhe recorde os seus pais.

– Sim, claro – Sally afastou as lágrimas quando a campainha da porta tocou. – Bom dia, senhora Ellison, deseja alguma coisa?

– Preciso de duas meadas da mesma lã que levei a semana passada. É para uma camisola que estou a fazer à minha neta.

– Ah, sim, já me lembro – Sally levou-a para a secção de lãs e tirou duas meadas da cor que a cliente queria.

– É esta – a senhora Ellison sorriu.

– Quer mais alguma coisa? Acabo de receber um creme hidratante que lhe pode interessar.

– Ah, sim? E tira-me as rugas?

– Não penso que as tire, mas certamente irá disfarçá-las um pouco – Sally riu-se.

A senhora Ellison acabou por comprar as duas meadas, um creme e dois livros de contos infantis para a sua neta.

Mas quando saiu da loja, o estranho continuava ali.

– É uma boa vendedora.

– Obrigada. Quer ver alguma coisa antes de partir?

– Quer almoçar comigo?

– O quê? Não, não, eu não tenho tempo para sair e almoçar.

– E jantar?

– Já lhe disse que estou muito atarefada…

– Mas tem de comer, ou não? Venho buscá-la às oito… por favor, diga que sim. Eu não gosto de comer sozinho.

Sally pensou nos seus pais; eles tê-la-iam aconselhado a que não saísse com um homem que não conhecia. Afinal de contas, era um estranho. Mas agora estava sozinha e tomava as suas próprias decisões, disse-se. Nervosa, assentiu, sabendo por instinto que podia confiar nele, embora mal o conhecesse.

– Só há um restaurante decente na vila, o Diamond Back. Fica a um quarteirão daqui. Se achar bem encontramo-nos lá às oito.

– Muito bem, até logo – o sorriso daquele homem fazia-a sentir calafrios.

Sally não pôde deixar de pensar nele durante todo o dia. E na razão pela qual estava em Bailey.

Nunca lhe ocorreria treinar alguém que depois pudesse ficar com o seu negócio, mas com uma cláusula de não concorrência pelo menos saberia que o futuro da sua loja estaria assegurado. Certamente não aconteceria nada de mal por o ensinar a fazer as coisas, disse-se. E agora até precisava de ajuda durante as festas.

Tinha duas empregadas contratadas, Mary e Ethel, para que, pelo menos, tivesse tempo para comer alguma coisa. E tinha Billy, mas ele costumava ir-se embora às cinco.

Sally vivia numa casa ao lado da loja, mas levava o almoço e o jantar para não ter de sair quando havia clientes.

Naquele dia foi um alívio poder tirar uns minutos de descanso, mas pensava dedicá-los a organizar a contabilidade, uma coisa que o seu pai lhe ensinara a fazer quando tinha dezasseis anos. Não porque tivesse esperado que ela herdasse a loja tão cedo; a morte dos seus pais fora uma tragédia inesperada.

Sally, olhando para a parede, começou a pensar no jantar dessa noite. Ele era um homem muito atraente…

Então apercebeu-se de que não sabia o seu nome. Ia para jantar com alguém cujo nome desconhecia!

Não era frequente que um estranho passasse por Bailey por acaso, já que era uma vila pequena a norte do estado do Colorado, rodeada de montanhas que a afastavam do mundo; só os que conheciam Bailey costumavam aparecer por ali.

Daí que ele deveria estar a falar a verdade sobre o acordo entre o avô dele e o seu pai. Mas porque é que o seu pai não mencionara o assunto? Claro que ele não esperara morrer tão cedo.

À medida que o dia passava, Sally começou a perguntar-se se não estaria a cometer um erro. Jantar com um desconhecido era algo estranho; era incrível.

Quando estavam prestes a dar as oito horas, continuava a hesitar. Deveria ficar na loja? Ele saberia onde encontrá-la. Claro que poderia ficar tão zangado com o facto de ela o deixar plantado no restaurante que desapareceria de Bailey sem dizer uma palavra.

Como ia perguntar por ele no restaurante se não sabia o seu nome?

Então recordou-se do seu rosto atraente. Sim, a verdade era que lhe apetecia voltar a vê-lo. Seria um alívio falar com alguém que não fosse de Bailey, alguém que tivesse visto o mundo. Ou, pelo menos, mais do que ela tinha visto.

Finalmente, Sally foi para casa, a enorme e solitária casa que partilhara com os seus pais, e trocou as calças de ganga e a camisola por uma saia preta e um casaco de malha. Colocou um pouco de maquilhagem, embora, normalmente, não usasse maquilhagem para ir trabalhar.

Exactamente às oito entrava no restaurante Diamond Back, esperando encontrá-lo no balcão do bar, mas não teve sorte.

– Boa noite, Diane – cumprimentou a proprietária, Diane Diamond. – O teu amigo está à tua espera na mesa – a mulher sorriu.

Aliviada por não ter de dar explicações, Sally deixou escapar um suspiro.

– Obrigada.

Quando se aproximava da mesa, ele levantou-se amavelmente.

– Boa noite – sorriu, afastando-lhe a cadeira.

– Obrigada.

– Estás muito bonita, Sally.

– Como sabes o meu nome?

– É um dos encantos das vilas pequenas; toda a gente se conhece.

– Por favor, não gozes com as vilas pequenas. Adoro viver aqui.

– As minhas desculpas – murmurou ele. – Mas penso que antes esqueci-me de me apresentar. Sou Hunter Bedford, e represento as empresas Hunt, de Denver.