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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Kate Walker

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Noite de liberdade, n.º 2095 - octubre 2016

Título original: The Antonakos Marriage

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9179-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Theo Antonakos não se surpreendeu ao descobrir que estava prestes a ter uma nova madrasta.

Nunca chegara a assimilar e aceitar a reputação do seu pai com as mulheres. Perdera a conta do número de amantes que passaram pela sua vida desde que a sua mãe morrera. Três delas acabaram por se tornar esposas de Cyril, no entanto, não duraram muito tempo.

E, aparentemente, a quinta senhora Antonakos estava prestes a aparecer em cena. Theo não esperava que fosse durar mais do que as suas predecessoras, contudo, aquela mulher era indirectamente responsável pela inquietação que sentia aquela noite.

Bebeu o seu copo de vinho e esvaziou-o de um gole. Normalmente, adorava a agitação e a actividade de Londres, no entanto, quando estava um dia escuro e húmido como naquela tarde de Outubro, desejava estar em qualquer sítio menos ali. Sentia falta do sol da Grécia, do som do mar contra as rochas na ilha que a sua família possuía. Sentia falta da sua família, do seu lar.

Tudo começara com a carta que recebera naquela manhã. Ao vê-la, ficara perplexo. O seu pai finalmente quebrara o seu silêncio e escrevera-lhe.

– Oh, vá lá, ruiva, anima-te. Senta-te e bebe alguma coisa connosco!

O comentário, seguido de um coro de gargalhadas procedentes do outro extremo do pub fez-lhe virar a cabeça. Havia alguns jovens sentados a uma mesa abarrotada de garrafas de cerveja vazias, contudo, o que realmente chamou a sua atenção foi a mulher que estava com eles.

Não conseguia ver o seu rosto porque ela estava de costas, mas o que conseguia ver era sensacional. Física e sexualmente sensacional, teve de reconhecer, perante a imediata reacção do seu corpo.

Uma maravilhosa cabeleira ruiva caía em cascata sobre os seus ombros. Era alta e curvilínea, de ancas estreitas e com um rabo apertado por uma saia preta minúscula que deixava ver umas pernas compridíssimas e esbeltas com umas meias também pretas.

– Bebe o que quiseres, querida…

Havia algo naquela mulher que tornava impossível afastar o olhar.

A verdade era que estava há demasiado tempo sem uma mulher, e aquele era o verdadeiro motivo do seu interesse. Desde que Eva saíra da sua vida três meses atrás, que não tivera companhia feminina.

Poderia tê-la tido, certamente. Sabia, sem necessidade de falsa modéstia, que o seu aspecto atraía habitualmente a atenção e o interesse das mulheres. No entanto, ultimamente aquilo não era suficiente. Estava irritado. Queria mais.

Mas não com Eva. Por isso é que tinham discutido e ela se fora embora. Eva não era o tipo de rapariga que ficava quando sabia que não ia obter o que queria, e o que queria soava a casamento.

No entanto, se fosse sincero consigo mesmo, devia reconhecer que não sentia falta dela

– Muito obrigada, mas não.

A voz da mulher soou clara e decidida no silêncio repentino que reinava no pub.

E que voz! Era grave e sensual, surpreendentemente rouca para uma mulher. Theo sentiu que a sua boca secava, porém, um instante depois, os pensamentos eróticos que aquela voz inspirara esfumaram-se devido à mudança dramática de tom que ouviu.

– Eu disse que não, obrigada.

Theo estava de pé, imóvel, até dar-se conta da reacção. Percebera uma nota de inquietação na voz da mulher, de recusa da situação em que se encontrava.

Meia dúzia de passos rápidos levaram-no a parar atrás dela. Nem a mulher nem os homens com quem estava a falar repararam nele.

 

 

Skye Martson percebeu que tinha problemas.

De facto, percebera-o assim que começara a falar com aqueles dois tipos. Não deveria ter parado, nem deveria ter respondido à sua saudação, aparentemente amistosa.

Entrara no pub seguindo um impulso. Estava cheio, iluminado e quente, em contraste com o frio e a contínua chuvinha do exterior. E sentira uma necessidade quase desesperada de estar com pessoas. Passara demasiado tempo sozinha e a solidão não lhe permitia esquecer os seus tristes pensamentos.

Passara realmente apenas um mês desde que o seu pai se desmoronara e admitira que os seus problemas económicos eram muito mais graves do que pareciam? Numa tentativa de os resolver, complicara ainda mais as coisas, usando dinheiro «emprestado» do seu chefe, o milionário grego Cyril Antonakos, o dono dos hotéis que ele dirigia… e fora descoberto. Se apresentassem queixa contra ele, podia enfrentar uma longa pena de prisão.

– Não posso ir para a prisão, Skye! – soluçara. – Não agora, com a tua mãe doente! Isto matá-la-ia. Ela não pode ficar sem mim. Tens de me ajudar!

– Farei o que for preciso para ajudar, papá – disse Skye, consciente de que não podia dizer outra coisa. A sua mãe estava doente do coração e a sua situação deteriorara-se nos últimos tempos. Se a operação a que ia ser submetida não corresse bem, a única solução seria um transplante. – O que for preciso… embora não saiba muito bem que ajuda possa dar.

No entanto, o seu pai sabia. Cyril Antonakos já propusera uma saída para a terrível situação em que Andrew Martson se encontrava. E Skye descobrira, com horror, como o seu papel era essencial naquele plano. Cyril queria um herdeiro. Para obter aquele objectivo precisava de uma esposa e, dado que o seu último casamento terminara num amargo divórcio, seleccionara Skye como potencial mãe do seu filho. Se se casasse com ele e lhe desse o herdeiro que queria, não apresentaria queixa.

Para salvar o seu pai da prisão teria de se casar com um homem mais velho do que ela.

E devia dar a sua resposta no dia seguinte.

Por isso é que estava naquele local, naquela noite. Por isso é que estava sozinha, a passar a sua última noite de liberdade nas ruas de Londres. Sem parar para pensar, entrara no pub a abarrotar… e quase imediatamente sentira que cometera um erro.

Estava prestes a ir-se embora quando reparou na única pessoa do bar que, como ela, parecia estar sozinha.

Devia, ou podia, animar-se para ir falar com ele? Aquele fora o seu plano desde o início. Conhecer alguém com quem falar para afastar a terrível sensação de isolamento e perda que sentia, para desfrutar de alguns momentos de liberdade e descontracção antes que o mundo voltasse a fechar-se sobre ela.

No entanto, aquele não parecia o tipo de homem que conseguisse preencher aquela esperança. Era demasiado grande, demasiado moreno, e tinha um aspecto demasiado perigoso. Parecia que estava sentado relaxadamente na sua cadeira, contudo, havia uma aura de ameaça à sua volta, de intenso poder, que fez com que o coração de Skye batesse mais rápido. Parecia um felino à espera da sua presa na imensidão da selva.

Aquele pensamento fê-la hesitar e parar, e foi então que uma voz vinda da mesa mais próxima a distraiu.

– Olá, querida! Procuras alguém?

Se Skye não estivesse distraída a olhar para o homem moreno, se não estivesse desesperada por encontrar companhia e distracção, não ligaria ao homem e teria seguido o seu caminho. No entanto, parara perto da mesa, e os seus ocupantes pensaram que estava disposta a seguir o seu jogo. Os seus sorrisos lascivos fizeram com que se sentisse incomodada, imediatamente. Não era exactamente aquilo que estava à procura.

Tentou recusar educadamente as ofertas para beber alguma coisa, mas não serviu de nada. O tipo loiro que a abordara, começou a ficar mais e mais agressivo, e quando Skye tentou afastar-se, segurou-a por um braço.

– O que é que se passa? Não somos suficientemente bons para ti?

– Não… na verdade… estou à espera de outra pessoa.

– De quem?

– Do meu… namorado. Combinámos encontrar-nos aqui.

O loiro olhou à sua volta com uma expressão brincalhona.

– Nesse caso, acho que já não vem, ruiva – disse, ao mesmo tempo que a segurava com mais força.

– Sim… deve estar atrasado.

– Sabes o que eu acho, ruiva? Que ele não vem mesmo. De facto, suspeito que estás a mentir, que esse namorado não existe.

– Claro que existe.

Skye assustou-se ao ouvir aquelas palavras nas suas costas. Aquela voz profunda e sexy era a última coisa que teria previsto. Parecia a de um namorado de fantasia que vinha em seu auxílio.

No entanto, não se tratava de uma fantasia. A expressão dos tipos que a estavam a incomodar era de consternação evidente, enquanto olhavam por cima do seu ombro.

Skye sentiu que uns poderosos braços a rodeavam pela cintura e sentiu imediatamente o calor que emanava do outro corpo… um calor que quase incendiou a sua alma. Sentiu-se a salvo, protegida…

– Desculpa ter chegado tarde, querida – murmurou a voz rouca junto ao seu pescoço. – Já sabes como são estas reuniões. Mas já cá estou.

– Hum! – foi tudo o que Skye conseguiu dizer, o que soava mais como um sensual suspiro de resposta do que outra coisa.

As mãos que tinha na cintura eram umas mãos muito masculinas, grandes, fortes, sem anéis…

– Perdoas-me?

– Oh, sim!

Que outra coisa podia dizer? Naquele momento, Skye aceitaria qualquer coisa daquele homem. Sentiu que se movia atrás dela e, um momento depois, sentiu o calor dos seus lábios apoiados no seu pescoço. Deitou a cabeça para trás, instintivamente, e fechou os olhos.

– Ei! – o desconhecido riu-se com suavidade. – Aqui não, querida. É melhor esperarmos até chegarmos a casa.

Aquilo fez com que Skye voltasse rapidamente para a realidade. Abriu a boca para protestar, contudo, o homem falou antes que ela o fizesse.

– Está na hora de irmos embora, querida. Diz adeus aos teus amigos.

O modo como disse «amigos» foi o que alertou Skye. Se tivesse desabafado os seus protestos, teria deixado o seu salvador em maus lençóis.

– Adeus… Obrigado por me terem feito companhia.

O desconhecido largou a mão dela e virou-se.

– Vamos embora.

Skye tentou ver o seu rosto enquanto avançavam para a saída, porém, era um homem alto e forte e não teve dificuldades para abrir caminho entre as pessoas que estavam no local.

Pouco tempo depois, estavam na rua, contudo, o homem parecia não ter intenções de parar.

– Espera… – disse Skye, mas ele não pareceu ouvi-la. – Já chega! – exclamou.

Daquela vez, a sua voz alcançou-o. O homem parou abruptamente e virou-se.

Ao ver o seu rosto com clareza, Skye reconheceu o homem solitário em que reparara ao entrar no pub, o homem de quem não tivera coragem para se aproximar porque parecia ter um cartaz em que dizia «Perigo, manter-se afastado e não tocar!»

– Tu! – exclamou

De perto, parecia ainda mais perigoso, mais devastador, mais descaradamente masculino… e no entanto, o seu inegável encanto estava manchado por uma inegável sensação de ameaça.

Aquele não era o tipo de homem com que estava habituada a relacionar-se habitualmente. Não era parecido com os homens do escritório, nem com os poucos homens com quem saíra. Aquele homem ultrapassava os níveis da sua experiência, do seu conhecimento e, sem dúvida, do seu controlo.

Os seus instintos diziam-lhe que estava totalmente indefesa com ele. Se não estivesse enganada, receava que podia queimar-se naquele fogo.