sab1313.jpg

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Trish Morey

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Prisioneira no paraíso, n.º 1313 - junho 2018

Título original: His Prisoner in Paradise

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9188-311-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

– Só por cima do meu cadáver!

Daniel Caruana só tinha lido o primeiro parágrafo do e-mail que a sua irmã lhe mandara, antes de o amachucar e atirá-lo contra a parede mais próxima. Monica ia casar-se com Jake Fletcher? Nem pensar! E menos ainda se ele pudesse fazer alguma coisa para o evitar!

Alterado, começou a passear de um lado para o outro do seu escritório, enquanto passava as mãos pelo cabelo. Da janela podia contemplar a praia de areia branca e palmeiras, e o mar azul que brilhava sob o sol tropical de Far North Queensland.

Daniel não o via. Via tudo vermelho.

Como tinha permitido que Monica estudasse em Brisbane? Tão longe de Cairns e do seu controlo. «E, certamente, não suficientemente longe das mãos de Jake Fletcher.»

Deixou de andar e tremeu. Fletcher tinha-lhe telefonado duas vezes naquela semana, deixando-lhe mensagens para que lhe devolvesse a chamada. Daniel tinha ignorado as mensagens. Não pensava voltar a falar com Fletcher. Não tinha motivos.

Mas, aparentemente, Fletcher tinha. Embora fosse apenas para se gabar.

Sentiu um nó na garganta. «Por favor, Fletcher não. Nem a minha irmã.»

Sobretudo, depois do que tinha acontecido anteriormente.

Daniel apoiou a testa contra o vidro e fechou os olhos. A imagem de uma rapariga de sorriso doce e olhos azuis invadiu a sua cabeça.

Emma.

Enquanto estivesse vivo, não esqueceria Emma.

«Nem o que Jake Fletcher lhe fez!»

Abriu os olhos e olhou para o horizonte em busca de respostas e soluções. Normalmente, aquela vista animava-o e inclusive acalmava os seus nervos.

Mas, naquele dia, não.

Bateu no vidro com a palma da mão. «Bolas! Monica não!» Acabava de se livrar do último namorado de Monica, o que lhe custara vinte mil dólares. Nada comparado com o que aquele cretino poderia ter pedido se tivesse descoberto quanto valia realmente a sua namorada.

Por outro lado, tinha quase a certeza de que Fletcher conhecia muito bem o valor da fortuna dos Caruana. Vinte mil dólares não teriam bastado para o dissuadir e menos ainda quando imaginava que estava prestes a tornar-se parte da família.

«Nem pensar!» Enquanto Daniel tivesse alguma coisa a dizer, Jake Fletcher nunca faria parte da sua família.

Sabia que Fletcher não lhe sairia barato, mas toda a gente tinha o seu preço e valia a pena libertar Monica da influência daquele homem.

Tocou o telefone que estava sobre a sua secretária e Daniel franziu o sobrolho. O seu império não podia passar dez minutos sem ele? Então, aproximou-se para o atender. Afinal de contas, não tinha conseguido que a Caruana alcançasse o sucesso depois de passar por uma situação financeira desastrosa ignorando o negócio.

Negociaria com Fletcher, mas não baixaria a guarda durante o processo. Agarrou no telefone e atendeu a chamada.

– Sim?

– Senhor Caruana? – a sua secretária hesitou um instante antes de continuar. Ele recordou que era uma substituta e não a sua secretária eficiente habitual. – Uma mulher que diz chamar-se Turner quer vê-lo.

Ele franziu o sobrolho e, durante um segundo, o problema com Fletcher passou para segundo plano. Não recordava nada a respeito de uma mulher chamada Turner.

– Quem?

– Sophie Turner, da One Perfect Day.

O nome não lhe soava familiar, mas estava habituado a que as pessoas tentassem vê-lo para lhe pedirem favores ou dinheiro para financiar projectos que os bancos tinham recusado financiar. Sem dúvida, a menina Turner seria outra dessas pessoas.

– Nunca ouvi falar dela. Diga-lhe que se vá embora – desligou o telefone, incomodado com aquela interrupção desnecessária.

Trinta segundos mais tarde, o telefone tocou novamente.

– O que se passa agora? – perguntou.

– A menina Turner diz que os detalhes da sua visita apareciam no e-mail que a sua irmã lhe enviou.

– Que e-mail?

– Não o leu? – perguntou a secretária substituta, com voz trémula. Parecia que ia começar a chorar a qualquer momento. – Estava sobre a sua mesa. Imprimi-o de propósito.

«Aquele e-mail?» Reparou no amachucado no canto do escritório.

– Espere – disse ele, deixando o telefone sobre a mesa para ir apanhar o papel amachucado e lê-lo novamente.

 

Daniel, por favor, alegra-te por mim. Pensava que nunca encontraria um homem, sobretudo, depois de me deixarem pela terceira vez, mas conheci Jake Fletcher e as últimas semanas da minha vida não podiam ter sido melhores. Trata-me como se fosse uma princesa e pediu-me que me casasse com ele. Disse-lhe que sim.

«Nunca!» Fechou os olhos ao sentir que a raiva se apoderava dele outra vez. Não o admirava que não tivesse sido capaz de ler o resto. Desejava amachucar outra vez o papel, mas respirou fundo e continuou a ler.

 

Sei que não se dão bem e talvez tenha sido por isso que não devolveste as chamadas a Jake na semana passada, mas espero que sejas capaz de esquecer o passado quando vires como nos amamos.

 

Esquecer o passado? Várias imagens de uma rapariga sorridente invadiram a sua cabeça. Como se supunha que ia esquecer o passado, se ela não poderia viver nem mais um dia?

 

Sei que está a ser muito apressado, mas queria que fosses das primeiras pessoas a saber a notícia e como nos amamos. Sei que, desta vez, é a sério.

 

Daniel conteve uma gargalhada. Não duvidava que Fletcher estivesse a sério, quando estava apaixonado pela fortuna dos Caruana. Quando é que a sua irmã aprenderia que era isso que os homens pretendiam? Sobretudo, os homens como Fletcher.

Mas aperceber-se-ia em breve, como tinha feito das outras vezes. Assim que ele se livrasse daquele caçador de fortunas.

 

Oxalá pudesse ter-te dado a notícia pessoalmente, mas estavas em viagem, Jake convidou-me para passar duas semanas em Honolulu como presente de casamento surpresa e não tivemos tempo para passar por Cairns antes de partirmos.

 

Ele apertou o punho da mão que tinha livre e engoliu em seco. A ideia de que a sua irmã mais nova estivesse com aquele homem fazia com que quisesse apanhar um avião para Honolulu, para a tirar de lá antes que a aquele pulha a engravidasse.

Ou seria essa a sua intenção? Consumar o casamento antes da cerimónia?

Daniel abanou a cabeça. Seria necessário mais do que um bebé para que aquele casamento fosse avante. O inferno congelaria antes que ele permitisse que alguém como Fletcher se casasse com a sua irmã.

Monica tinha vinte e um anos, portanto, não podia obrigá-la a regressar, mas, certamente, não estava disposto a apoiá-la e a permitir aquele casamento. Nem pouco mais ou menos. Leu as últimas linhas.

 

Portanto, pedi à organizadora do nosso casamento que fosse visitar-te. Chama-se Sophie Turner e tornou-se mais do que uma amiga. Mais tarde, contar-te-emos todos os detalhes.

Entretanto, sê amável com ela!

 

A sua irmã despedia-se, prometendo que lhe enviaria um postal de Waikiki Beach. Mas não foi isso que chamou a sua atenção, senão a parte em que lhe pedia que fosse amável com ela.

A sua irmã achava que era um monstro?

Não era um monstro. Era o seu irmão e um homem de negócios. Um irmão que queria proteger a irmã mais nova de todos aqueles que queriam aproveitar-se dela e da fortuna familiar.

Ele era precavido. E protector.

Isso transformava-o num monstro?

É claro que receberia Sophie Turner. E seria amável com ela, tal como lhe pedira a sua irmã. Convidá-la-ia a entrar, ouvi-la-ia e despachá-la-ia.

Porque não precisariam dos serviços dela. Enquanto ele fosse vivo, a sua irmã não se casaria com Jake Fletcher.

Agarrou no telefone que tinha abandonado sobre a mesa e disse:

– Mande entrar a menina Turner.

Capítulo 2

 

 

 

 

 

Sophie estava sentada na sala de espera, com a pasta de pele que continha todos os detalhes do casamento de Monica e Jake sobre os joelhos. Reparara que a secretária corara quando lhe pedira que telefonasse ao chefe pela segunda vez. Era evidente que o que tinha lido na Internet a respeito de Daniel Caruana ter fama de ser exigente era verdade. A rapariga ficara petrificada.

Sophie teria preferido não ter de insistir para que a rapariga lhe telefonasse, mas não estava disposta a perder o dia inteiro a viajar entre Brisbane e Cairns sem conseguir o seu objectivo e menos ainda quando Monica lhe dissera que a reunião estava marcada e que ambos confiavam plenamente nela.

Aparentemente, Daniel protegia em excesso a irmã mais nova e, uma vez que praticamente a criara depois da morte dos seus pais, ele encararia a notícia do casamento com pouco entusiasmo. Sobretudo, tendo em conta que Jake e Daniel não se davam muito bem quando andavam no liceu, o que Jake tinha admitido quando tentara explicar porque é que Daniel não se incomodara em devolver-lhe as chamadas.

Sophie intuía que devia ter acontecido alguma coisa muito grave entre eles para que Daniel nem sequer quisesse falar com ele. Ela tinha sugerido que Monica e Jake fossem visitar Daniel, pensando que ele não poderia recusar-se a ver Jake se Monica estivesse com ele, mas Monica pensara numa opção que considerava mais diplomática.

Daria a notícia ao seu irmão por e-mail e depois partiria com Jake durante duas semanas, enquanto Sophie se encarregava de tratar dos detalhes do casamento com Daniel. Quando o casal regressasse do Havai, Sophie já teria tudo preparado e Daniel teria assimilado que a sua maninha era uma mulher adulta que podia decidir se queria casar-se e com quem.

Monica dissera que era uma coisa simples.

Despedira-se dela, agradecendo-lhe com um abraço. Monica parecia tão entusiasmada, que Sophie não insistira que deveriam ser eles a visitar Daniel para resolverem os problemas cara a cara e aceitara sem objectar.

No entanto, parecia-lhe uma loucura. Consciente de que o tempo ia passando enquanto a secretária esperava por uma resposta, começou a brincar com a pasta para acalmar os seus nervos.

Um homem que conseguia fazer tremer a secretária com algumas palavras devia ser como Monica imaginava que era o seu irmão. Mas teria de conhecer aquele homem em alguma altura, sobretudo, tendo em conta que eram praticamente parentes.

Que ironia! Sempre tinha desejado ter uma família e retomar a relação com Jake, depois de muitos anos afastados, tinha sido óptimo, apesar de ter sido necessária a morte da sua mãe para que os irmãos se reencontrassem. Parecia que a sua pequena família estava prestes a ampliar-se. Monica era uma querida. Tinham-se dado muito bem desde o primeiro dia e ela não conseguia imaginar uma cunhada melhor.

Mas, por algum motivo, a ideia de ser cunhada de Daniel não a entusiasmava da mesma maneira. Esse era o problema das famílias, nem sempre se podia escolher os parentes.

Porque demorava tanto aquele homem? Ela cruzou as pernas com impaciência e abriu a pasta para confirmar se tinha a documentação toda, e voltou a fechá-la. Maldito homem arrogante! Se se tivesse incomodado em falar com o seu irmão, ela não teria de estar ali.

– O senhor Caruana vai recebê-la agora.

Sophie levantou-se e respirou fundo, antes de alisar a saia e confirmar que o seu cabelo estava bem apanhado. Daniel Caruana era muito exigente com o aspecto e ela estava disposta a agradar-lhe. Mais tarde, depois da festa bem-sucedida do casamento entre os seus respectivos irmãos e quando se conhecessem melhor, teriam tempo para desfrutarem da companhia um do outro de forma relaxada.

Porque, embora a ideia lhe parecesse impossível naquele momento, seria agradável se pudesse dar-se bem com o homem que em breve se tornaria seu cunhado.

Mas, considerando o que tinha visto a respeito de Daniel Caruana até àquele momento, não estava muito convencida.

Agradeceu à secretária e reparou que sorria aliviada por não ter tido de telefonar ao seu chefe pela terceira vez. Sophie bateu à porta e entrou no maior escritório que já tinha visto.

Todo aquele espaço para uma única pessoa? «Se calhar, também tem de acomodar o seu ego», pensou ela. De qualquer forma, tinha aceitado recebê-la, embora tivesse demorado uma eternidade a decidir-se, portanto, se calhar, ainda tinha solução.

Sophie forçou um sorriso e disse:

– Senhor Caruana, é um prazer conhecê-lo.

Ele estava de costas para ela, de pé, junto da janela que oferecia a melhor vista da praia de Queensland, com os braços cruzados e as pernas afastadas.

Sophie não conseguiu evitar reparar nas suas costas largas. Nas suas ancas estreitas. E nas suas pernas compridas.

Então, ele virou-se e ela pestanejou, perguntando-se o que não se reflectia nas fotografias que tinha visto na Internet. Como é claro, mostravam o cabelo preto despenteado, o olhar de aço e os lábios carnudos. Talvez mostrassem também a aura de poder, de sucesso e de masculinidade que emanava, mas não mostravam a capacidade de conseguir que o movimento mais leve se parecesse com o de um predador.

Ele olhava-a com a cabeça inclinada e os olhos semicerrados, como se passasse ao lado de todo o profissionalismo que tentava aparentar e visse a irmã nervosa do noivo que era na realidade.

– É um prazer?

Talvez não. Não era que ele estivesse à espera de uma resposta. Ela tinha a sensação de que Daniel Caruana não estava habituado a esperar por nada.

– Queria ver-me?

Ela engoliu em seco e respondeu:

– É claro! – dirigiu-se para ele e estendeu-lhe a mão. – Sou Sophie Turner, da One Perfect Day. Um dia perfeito para criar lembranças para toda a vida.

O slogan da sua empresa escapou-lhe da boca antes que conseguisse evitá-lo. Sentia-se orgulhosa do seu negócio e de tudo o que tinha conseguido. Acreditava que podia oferecer aos seus clientes o casamento perfeito, mas, naquele escritório, ao enfrentar aquele homem, as suas palavras pareciam sem sentido.

Ele olhou-a durante um instante e, finalmente, aceitou a sua mão, fazendo com que estremecesse. Ela respirou fundo e inalou o seu cheiro masculino. Apertou-lhe a mão, tentando ignorar como estava a reagir perante o contacto com a pele dele.

– Monica falou-me muito de si. Gostaria de ter vindo vê-lo para lhe contar os seus planos, mas…

– Mas, de repente, levaram-na para o Havai? – perguntou ele. – O último homem por quem se apaixonou?

Havia tensão no seu tom de voz e o seu olhar reflectia cinismo.

«Esse homem é o meu irmão e ama tanto Monica como ela a ele», desejou dizer. Mas só conseguia concentrar-se na mão que ele continuava a agarrar.

Uma onda de calor invadiu o seu corpo. Retirou a mão e teve a sensação de que ele resistia a largá-la. Perguntava-se se o teria imaginado.

Oxalá fosse assim!

Olhou à sua volta e viu que na sala contígua havia três poltronas de pele dispostas à volta de uma mesa de apoio.

– Se calhar, podíamos sentar-nos ali? – sugeriu ela. – Assim, poderei contar-lhe os planos de Monica e Jake.

Sophie já se sentara, tinha a mala ao seu lado e estava a abrir a pasta, quando se apercebeu de que ele continuava de pé, com os lábios franzidos e um sorriso falso.

– Se calhar – disse ele, encolhendo os ombros e sentando-se ao seu lado.

Gostou de ver como ela se encolhia, sobretudo, depois de ele se inclinar para ela e apoiar o braço nas costas da poltrona. Ela encolheu-se ainda mais na poltrona e concentrou-se em rever o conteúdo da pasta que tinha sobre os joelhos.

– Tenho alguns folhetos – murmurou, com os dedos trémulos.

Estava muito nervosa. Gostava de mulheres que ficavam nervosas. Assim, mantinham-se à defesa, como ele queria. A menos que estivessem na cama, já que lá gostava de leoas.

E aquela menina Turner, com aspecto recatado, seria uma leoa na cama?

Demorou o seu tempo a olhar para a mulher que tinha ao seu lado. O vestido de seda azul que usava tinha um decote modesto e não revelava grande coisa, mas dava-lhe a sensação de que sob o tecido se escondia um corpo com seios do tamanho adequado, cintura estreita e pernas esbeltas.

Além disso, tinha as maçãs do rosto proeminentes, o nariz direito e os lábios sensuais.

Ele franziu o sobrolho. Não lhe recordava o nome, mas havia qualquer coisa nela que lhe era familiar. Afastou a ideia em seguida. Conhecia muitas mulheres e tinha a certeza de que, se já se tivesse encontrado com ela, não teria permitido que escapasse sem a conhecer melhor.

A menos que estivesse fora do seu alcance. Nunca se aproximaria da mulher de outro homem.

– Menina Turner, é casada ou comprometida?

– Porque o pergunta? – olhou para ele e caíram-lhe alguns folhetos para o colo.

Ele sorriu e apanhou os folhetos, satisfeito por ela tremer ligeiramente quando lhe roçou as pernas com a mão. Foi apenas um ligeiro contacto através do tecido da saia, mas o suficiente para provocar o tipo de reacção a que estava habituado.

Touché!

– De facto, não. Prefiro falar sobre si.

Ela olhou para ele, boquiaberta.

– Senhor Caruana – disse – não creio que…

Bateram à porta e ambos se viraram, vendo a secretária.

– Lamento interromper, senhor Caruana. Quer que traga café ou chá?

– Não, obrigado. A senhora Turner estava prestes a partir. Diga ao motorista que a espere à porta.

Ele levantou-se quando a rapariga assentiu e fechou a porta.

– Mas, senhor Caruana, ainda não começámos. Nem sequer falámos da data do casamento.

– Ah, deve haver um motivo para isso! – dispunha-se a agarrar a maçaneta da porta para preparar a sua saída. – E deve ser o facto de não ser necessário que falemos sobre isso – abriu a porta e esperou. – Seria uma perda de tempo. E no meu trabalho, suponho que tal como no seu, o tempo vale ouro.

Ela abanou a cabeça e corou.

– Estamos a falar do casamento da sua irmã. Tem a certeza de que não quer apoiá-la no dia mais importante da vida dela?

– Por quem me toma? Claro que não sou assim tão insensível! A minha irmã e a sua felicidade são o que mais me preocupa.

– Então, porque não quer falar dos planos de casamento?

– Há uma explicação muito simples para isso, menina Turner, uma explicação que não considerou. É que não vai haver casamento.